
Não era nem meio-dia quando a Avenida Epitácio Pessoa começou a ficar apertada de gente—umas duzentas pessoas, segundo quem entende disso, todas com um propósito claro nas mãos e na voz. Domingo, 7 de setembro, e o clima longe de ser só de feriado.
Cartazes, bandeiras do Brasil, camisetas amarelas—a paisagem familiar de quem acompanhou os protestos pós-eleição de 2022 se repetia, mas agora com um grito mais específico, quase um ultimato: anistia já.
O passado que não ficou pra trás
O assunto, como era de se esperar, eram os condenados—e até alguns que ainda aguardam julgamento—pelas invasões de 8 de janeiro do ano passado. Você se lembra, né? Aquele dia surreal em que Brasília virou cenário de quebra-quebra e tentativa de desestabilização.
Pois é. A galera em João Pessoa quer que isso seja—como diriam—“virado página”. Esquecido. Perdoado.
“É uma perseguição política, não é justiça”, soltou um senhor de boné preto, que não quis se identificar. “Tô aqui pra lutar por liberdade”.
E o que diz a lei?
Bom, do ponto de vista jurídico, a coisa não é bem assim. Os atos de 8 de janeiro foram classificados pelo Supremo Tribunal Federal como tentativa de golpe—e golpe, mesmo que fracassado, não é brincadeira de criança.
Muita gente foi condenada, sim. Outros tantos respondem processos. E anistia, nesses casos, não é algo que se concede no grito—por mais alto que ele seja.
Mas tente explicar isso pra quem acredita piamente que tudo não passou de um “excesso de patriotismo”.
Um protesto tranquilo… mas firme
Apesar do tom de cobrança—e de algum descontentamento evidente—a manifestação seguiu sem confusão. Nenhum quebra-quebra, nenhum confronto. Só discursos, cantos de hino, e muita bandeira verde-amarela balançando sob um sol já bastante quente.
Não é a primeira vez que esse grupo se mobiliza—e provavelmente não será a última. A pauta é clara, o incômodo, real. Eles se sentem injustiçados. O sistema, pra eles, é parcial.
Mas a pergunta que fica—e que não quer calar—é até que ponto o sistema jurídico deve ceder à pressão de rua? Discussão complexa, eu sei. Das que não se resolvem com hashtag ou bandeira.
Por enquanto, o que se vê é um movimento que insiste em não baixar a cabeça—e que escolheu o feriado da Independência para lembrar que, pra eles, a luta ainda não acabou.
João Pessoa foi mais um palco. Amanhã, pode ser outra cidade. A questão, como tantas outras na política, segue em aberto—e longe de um consenso.