
Não foi um sábado qualquer em Belém. Longe disso. Enquanto muitos preparavam o almoço ou aproveitavam o descanso, um fervo diferente tomou conta da Praça da República, no coração da cidade. Uma multidão heterogênea – e visivelmente indignada – se reuniu num ato que misturava raiva, esperança e um pé atrás monumental com o futuro do país.
O motivo? Duas proposições que andam tirando o sono de muita gente: a PEC da Blindagem e o famigerado PL da Anistia. A primeira, quer criar uma armadura quase impenetrável em torno de certas autoridades, dificultando investigações. A segunda, soa para muitos como um 'perdão geral' para dívidas de… bem, você sabe, daquelas que a gente sempre paga.
O clima era elétrico. Cartazes criativos – alguns até engraçados, numa tentativa de aliviar a tensão – dividiam espaço com discursos inflamados. Não era só uma passeata. Era um recado claro, um grito coletivo que ecoou desde os estudantes até os mais velhos, todos com a mesma pulga atrás da orelha: para onde estamos indo?
Um Coro de Vozes Contra o 'Abre-Alas' da Impunidade
Os organizadores do evento, um grupo que une entidades estudantis e movimentos sociais, não mediram palavras. Eles veem nas duas propostas um risco direto ao já combalido combate à corrupção e uma afronta à justiça. “É um tiro no pé da democracia”, resumiu uma das oradoras, recebendo aplausos efusivos da plateia.
E não parou por aí. Críticas ferrenhas voaram contra figuras-chave do cenário político nacional, acusadas de tentar emplacar essas medidas num verdadeiro passe de mágica – ou seria um golpe de mestre? – contrário aos interesses do cidadão comum.
Além do Protesto: O que Realmente Está em Jogo?
Esse não é um debate sobre letras miúdas de lei. É muito mais profundo. A discussão cutuca uma ferida antiga: a sensação de que existem dois pesos e duas medidas. Enquanto o cidadão paga cada centavo de seus impostos e responde por seus atos, será que uma parcela da política quer mesmo uma carta de alforria?
O protesto em Belém é apenas um capítulo. Um sinal de alerta. Um aviso de que a sociedade está de olho e não vai engolir qualquer coisa. O recado das ruas foi dado, alto e claro. Agora, resta saber se ele será ouvido nos corredores do poder.