Ato Histórico na Paulista: Protesto Contra Blindagem e Anistia Empata com 7 de Setembro Bolsonarista
Ato na Paulista contra blindagem empata com 7 de Setembro

Não é todo dia que a Avenida Paulista para para escutar a voz das ruas, mas neste domingo foi diferente. Muito diferente. O asfalto fervia – e não era por causa do calor de fim de tarde.

Milhares de pessoas, uma verdadeira maré humana, tomaram conta do símbolo máximo de São Paulo. O motivo? Uma indignação que vem fervendo há semanas: a rejeição total à chamada blindagem de políticos aliados ao governo e a qualquer tentativa de anistia que cheire a impunidade.

E olha, o recado foi dado, e alto. Os organizadores, um conjunto de entidades e movimentos sociais, estimaram um público que beirou os 125 mil. Um número que, pasme, empatou com aquele megaevento bolsonarista do 7 de Setembro do ano passado. A ironia? Deliciosamente perceptível no ar.

Um Coro Contra a Impunidade

Não era só sobre números. Era sobre tom. Cartazes criativos – alguns até hilários – misturavam-se com bandeiras e palavras de ordem que não deixavam dúvida: «Fora, Blindagem!» e «Não à Anistia!» ecoavam pelos prédios, num som que era quase um tremor de terra civil.

«A gente não pode aceitar que as regras do jogo mudem no meio do campeonato para beneficiar meia dúzia», gritava uma professora, aos berros, para amigos. E ela não estava sozinha naquela frustração.

O Espelho de Setembro

A comparação com o ato bolsonarista era inevitável – e os organizadores souberam usar isso a seu favor. Mostraram que a rua não tem dono, que a democracia também se faz com protesto, e não apenas com apoio. Foi um contraponto geográfico e político na mesma medida.

E a Paulista, ah, a Paulista... testemunhou tudo. De um lado, os coletes amarelos da esquerda; do outro, meses atrás, o verde e amarelo da direita. Dois Brasis? Talvez. Mas dois Brasis que sabem ocupar o mesmo espaço, cada um a seu tempo.

A verdade é que o domingo na Paulista não foi um evento isolado. Foi um sintoma. Um sintoma de que a paciência com acordos nos bastidores está se esgotando. E que o povo – sim, o povo – ainda sabe fazer barulho quando acha que a justice está sendo ameaçada.

O que vem depois? Difícil dizer. Mas uma coisa é certa: depois de um protesto daquele tamanho, ninguém em Brasília pode dizer que não ouviu.