
Não foi um sábado qualquer em Aracaju. Longe disso. O centro da cidade, normalmente mais tranquilo no fim de semana, ecoou com vozes firmes e cartazes levantados. A Praça Fausto Cardoso se transformou no palco de um debate nacional, mas com o sotaque e a paixão característicos do povo sergipano.
O que reuniu tanta gente sob o sol do meio-dia? Uma faixa deixava claro: "Chega de privilégios! Queremos justiça!". O sentimento era unânime, um caldeirão de indignação fervendo contra duas propostas que polarizam o país: a PEC da Blindagem e um possível perdão para devedores de impostos.
O Grito Contra a Impunidade
Você já parou para pensar no que significa "blindagem" para quem paga em dia suas contas? A pergunta, feita por uma professora aposentada no meio da multidão, sintetizava o clima. A tal PEC, pra quem não sabe, basicamente dificultaria—e muito—a investigação de autoridades. Para os manifestantes, soa como um salvo-conduto para a impunidade, um afrouxamento perigoso no combate à corrupção.
E a anistia? Ah, essa então... A possibilidade de perdoar dívidas de grandes devedores foi tratada como uma facada nas costas do cidadão comum. "É uma premiação para quem sonega e um castigo para quem é honesto", bradou um microempresário, sob aplausos. A conta, segundo eles, sempre sobra para o trabalhador.
Um Coro Plural e Democrático
O mais interessante foi ver quem tava lá. Não era um grupo de um partido só, nem uma panelinha. Tinha de estudante a aposentado, de sindicalista a liberal. Uma miscelânea de sergipanos que, por uma tarde, deixaram de lado diferenças para amplificar uma causa comum: a defesa intransigente da responsabilidade fiscal e da ética na política.
E não foi só discurso. A organização foi impecável—e totalmente pacífica. Mostrou que a democracia brasileira, com seus percalços, ainda pulsa forte nas praças. Foi um recado claro, direto e elegante para os representantes em Brasília: nós estamos de olho.
O que fica disso tudo? Um termômetro social. Aracaju mandou um aviso: a sociedade civil está vigilante e não vai engolir qualquer coisa. O debate sobre quem paga a conta do país está longe do fim—e, pelo visto, vai ser nas ruas também.