
Numa jogada que mistura cautela e pragmatismo, a Síria decidiu tirar o pé do acelerador nesta quarta-feira. As tropas governamentais começaram a deixar posições estratégicas em Quneitra — aquela cidadezinha no sudoeste que virou piñata nos últimos ataques israelenses.
Não foi exatamente um recuo, mas quase. Fontes militares sírias (que pediram anonimato, claro) confirmaram que a medida visa "reduzir atritos". Ou seja: evitar que um tiroteio local vire a Terceira Guerra Mundial no quintal do vizinho.
O tabuleiro geopolítico esquenta
Desde maio, os céus da região parecem um videogame maluco — drones israelenses fazendo voos rasantes, mísseis antiaéreos sírios disparando pra todo lado. Só na última semana, três ataques atingiram depósitos de armas ligados ao Hezbollah. Coincidência? Difícil acreditar.
Eis o pulo do gato: Quneitra fica coladinha nas Colinas de Golã, aquele território que Israel anexou em 1981 e que a ONU ainda considera sírio. Um lugar onde até uma pedra atirada pode virar casus belli.
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Analistas em Damasco estão divididos. Uns veem sabedoria na retirada — afinal, ninguém quer repetir 1967. Outros torcem o nariz: "Parece concessão sob pressão", resmunga um coronel reformado enquanto acende o quinto cigarro.
E agora, José?
O jogo de xadrez continua. Fontes do Líbano sugerem que o Hezbollah pode estar remanejando seus "consultores" — eufemismo pra combatentes experientes. Enquanto isso, em Tel Aviv, o ministro da Defesa fez aquela cara de poker: "Tomaremos as medidas necessárias". Tradução? Tudo pode acontecer.
Pra completar o drama, a Rússia — aquela amiga que sempre aparece nas horas difíceis — ofereceu "mediação construtiva". Só que, entre nós, depois da Ucrânia, Putin tá com o crédito meio no vermelho no Ocidente.
Fato é que o Oriente Médio parece aquela panela de pressão da sua avó: todo mundo sabe que vai explodir, mas ninguém sabe exatamente quando. E enquanto os generais fazem cálculos, os civis de Quneitra empacotam o pouco que sobrou e rezam — em árabe, hebraico ou no silêncio dos desesperançados.