
Numa reviravolta que parece saída de um filme distópico, a Rússia estaria colocando adolescentes para trabalhar na produção de drones kamikaze — aqueles que explodem ao atingir alvos. A informação, que veio à tona através de relatos de inteligência ucraniana, mostra uma faceta ainda mais sombria desse conflito que já dura anos.
Não é brincadeira não. Segundo as denúncias, garotos de 15 a 17 anos estariam sendo levados para fábricas clandestinas na região de Daguestão, no Cáucaso. Lá, montariam os chamados "lançadores voadores da morte" — como os soldados no front os apelidaram.
Como funciona o esquema?
Pelo que se sabe, o recrutamento acontece em escolas técnicas. Os jovens recebem propostas de "estágios bem remunerados" em indústrias de defesa. Só que, na prática, viram operários de uma linha de produção de armas.
- Salários abaixo do mercado (cerca de 20 mil rublos/mês — menos de R$ 1.200)
- Jornadas exaustivas de até 12 horas diárias
- Ambiente sem equipamentos de segurança adequados
E o pior: muitos nem sabem direito no que estão metidos. "Me disseram que era para ajudar a pátria", contou um dos adolescentes em gravação obtida pela BBC — que preferiu não se identificar, claro.
Violando todas as regras
Aqui tem de tudo pra dar errado. Além de ferir convenções internacionais sobre trabalho infantil (sim, abaixo de 18 anos conta como tal), a prática:
- Ignora protocolos de segurança básicos — já houve explosões acidentais
- Expõe menores a traumas psicológicos irreversíveis
- Configura recrutamento militar disfarçado, proibido em conflitos
Não à toa, a ONU já emitiu alertas. Mas no meio de uma guerra onde até cadáveres viram arma política, quem vai fiscalizar?
Enquanto isso, os drones fabricados por essas mãos jovens continuam caindo sobre cidades ucranianas. Ironia cruel: adolescentes destruindo o futuro de outros adolescentes.