
A situação no sul de Gaza é, para ser franco, de cortar o coração. E não, não é exagero. Enquanto a comunidade internacional parece assistir a tudo de camarote, o avanço militar israelense sobre Rafah transformou a vida de centenas de milhares de pessoas num pesadelo sem fim.
Imaginem só: vocês são obrigados a deixar tudo para trás. Sua casa, suas memórias, qualquer sensação de normalidade. É exatamente isso que está acontecendo agora. As ordens de evacuação emitidas pelo Exército de Israel soam como sentenças para uma população já esgotada por meses de conflito.
Um Cenário de Caos e Desespero
Não se enganem, isso vai muito além de uma simples operação militar. É um êxodo em massa, forçado, caótico. As estradas estão abarrotadas de pessoas carregando o pouco que conseguiram agarrar, com um olhar perdido que mistura medo e uma exaustão profunda. Para onde ir? Essa é a pergunta de um milhão de dólares que ninguém consegue responder.
Os abrigos superlotados, muitos administrados pela agência da ONU para refugiados palestinos (a UNRWA), já estão muito além de sua capacidade máxima. A infraestrutura, que já era precária, simplesmente desmoronou. E aí me pergunto: cadê a tal da ajuda humanitária? Ela até tenta chegar, mas esbarra em um bloqueio quase intranscendente.
O ponto de entrada de Rafah, vital para a entrada de suprimentos, está fechado. Fechado! É como estrangular lentamente uma população que já luta para respirar.Os números são avassaladores e, honestamente, difíceis de processar. Mais de 360 mil pessoas fugiram só de Rafah nos últimos dias. Tente visualizar isso. É como se toda a população de uma cidade grande simplesmente sumisse do mapa, sem rumo. Desde que o Hamas atacou Israel em outubro, desencadeando essa guerra sem piedade, o número de deslocados dentro de Gaza chega a uma escala monumental.
A Resposta Internacional e o Jogo Político
E o mundo? Bem, o mundo se limita a expressar 'profunda preocupação'. Enquanto isso, os tanques avançam. A Casa Branca, que vinha balançando a cabeça com desaprovação contra uma grande ofensiva em Rafah, agora admite que Israel não cruzou os “red lines” do presidente Biden. Uma mudança de narrativa conveniente, não acham?
O cerco israelense não poupa ninguém. Os hospitais, que deveriam ser santuários, estão na linha de fogo. O hospital Al-Najjar, em Rafah, foi evacuado às pressas. Imaginem a cena: médicos tendo que escolher quais pacientes levam e quais deixam para trás, um verdadeiro dilema ético sob fogo cruzado.
A fala do porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza ecoa a sensação de desamparo total: “Estamos diante de uma catástrofe humanitária de proporções inimagináveis.” E sabe o que é mais assustador? Ele está completamente certo.
O futuro? Incerto e sombrio. As negociações de tréguas patrocinadas pelo Egito e Qatar estão praticamente paralisadas. Israel insiste em sua operação para, nas suas palavras, “eliminar a capacidade militar do Hamas”. O custo humano dessa insistência, no entanto, é simplesmente astronômico.
É uma tristeza sem medida. Uma geração inteira crescendo em meio aos escombros, física e psicologicamente marcada por um conflito que não escolheu. A pergunta que fica, e que não quer calar, é: até quando?