
Não é exagero dizer que os hospitais de Gaza viraram cenários de pesadelo. Bebês que mais parecem esqueletos envoltos em pele, médicos desmaiando de tanto passar fome — a situação está tão crítica que até quem deveria cuidar dos doentes virou vítima.
"A gente se acostumou com o barulho das bombas, mas não com o silêncio dos estômagos vazios", desabafa um enfermeiro que pede para não ser identificado. Ele conta que já perdeu 12 quilos desde o início do conflito.
O desespero nos berçários
Nas unidades neonatais, a cena é de cortar o coração. Recém-nascidos que deveriam ganhar peso estão definhando. Sem leite materno — as mães mal se alimentam — e com estoques de fórmula infantil no fim, os pequenos pacientes parecem frágeis bonecos de cera.
"Temos que escolher quem vai receber o pouco que sobrou", explica uma pediatra com voz embargada. "É como decidir quem vive ou morre com as próprias mãos."
Profissionais no limite
- Médicos trabalhando até 36 horas seguidas
- Enfermeiros desmaiando durante plantões
- Falta até água potável para lavar as mãos
E o pior? Ninguém sabe quando isso vai acabar. Enquanto o mundo discute geopolítica, Gaza vive uma catástrofe silenciosa — aquela que não aparece nos discursos diplomáticos, mas deixa marcas permanentes nos corpos e almas dos sobreviventes.
"Às vezes penso que estamos num filme de terror", confessa um residente de 25 anos. "Só que não dá para desligar a TV e ir dormir."