
Salvador virou palco de um verdadeiro caldeirão político nesta sexta-feira. Nem o sol escaldante da capital baiana conseguiu esfriar os ânimos dos milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro que tomaram as principais avenidas num protesto que misturava indignação, bandeiras verde-amarelas e um clima de tensão que dava para cortar com faca.
De repente, o que era para ser um sábado tranquilo na cidade do axé transformou-se num cenário de gritos de guerra contra o governo Lula e o que os manifestantes chamam de "judicialização da política". Alguns carregavam cartazes com frases de efeito, outros preferiam expressar sua revolta no grito — e tinha até quem trouxesse crianças vestidas com camisetas do "mito".
O protesto em números
- Mais de 5 mil pessoas estimadas pela Polícia Militar
- Concentração inicial no Farol da Barra, ponto turístico icônico
- Corte parcial de vias no centro financeiro da cidade
- Nenhum incidente grave registrado até o momento
Não era difícil perceber o tom do protesto. Enquanto alguns grupos entoavam o hino nacional com a mão no peito, outros preferiam xingar — e como! — os ministros do STF. "O povo acordou e não vai mais dormir", bradava um senhor de cabelos grisalhos, suando em bicas sob seu boné do Exército.
E o que dizem os organizadores? Bem, segundo um dos coordenadores do ato, que preferiu não se identificar, o movimento é "espontâneo e orgânico". Mas qualquer um com dois dedos de frente sabe que espontaneidade tem limite quando se vê carros de som idênticos e bandeiras distribuídas em série.
Reações e consequências
Do outro lado do espectro político, as críticas não demoraram. Líderes petistas na Bahia classificaram o protesto como "show de horrores" e "tentativa de desestabilização". Já os apoiadores do ex-presidente juram de pés juntos que estão apenas exercendo seu direito constitucional — com direito a vídeos no Instagram e tudo mais.
Enquanto isso, o comércio local ficou dividido entre quem via oportunidade de vender água mineral e bandeirinhas e quem fechou as portas temendo confusão. "Melhor prevenir do que remediar", filosofou um vendedor ambulante enquanto empacotava seus produtos às pressas.
O certo é que, com ou sem razão, a Bahia mostrou mais uma vez que está longe de ser unanimidade no tabuleiro político brasileiro. E se depender desses manifestantes, essa história está longe de acabar.