
Não era um domingo qualquer na orla de Copacabana. Longe disso. O calçadão mundialmente famoso — normalmente dominado por turistas, vendedores ambulantes e cariocas aproveitando o sol — foi tomado por um mar verde e amarelo que deixou claro o motivo da aglomeração.
Milhares de pessoas, talvez até uns dez mil segundo estimativas de quem estava por lá, responderam ao chamado nas redes sociais e foram às areias da praia mais emblemática do Rio. O objetivo? Demonstrar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em um daqueles eventos que misturam política, paixão nacional e um certo clima de festa — com direito a muita música patriótica e camisetas estampadas com os dizeres de sempre.
O clima na orla: entre o protesto e o comício
Era quase meio-dia quando a coisa começou a esquentar de verdade. De repente, o que era um grito isolado virou um coro. "Bra-sil, Bra-sil!", ecoava entre os prédios altos de Copacabana, enquanto bandeiras nacionais eram erguidas como se fossem troféus. Alguns participantes, é claro, não economizaram no figurino: tinha gente de amarelo da cabeça aos pés, outros com pinturas no rosto e até crianças vestidas de mini-patriotas.
Os organizadores — aqueles perfis inflamados do Telegram e do WhatsApp — prometiam uma manifestação "histórica e pacífica". E de violência, realmente, não se viu nada. A PM ficou por perto, claro, mas mais no modo observador. Até porque o clima era mais de comício do que de confronto. Teve até vendedor de bandeirinha e água mineral fazendo a festa com o movimento extra.
Os discursos que ecoaram no calçadão
Sem palanque oficial nem sistema de som profissional, os líderes do movimento improvisaram. Um microfone de mão aqui, um carro de som ali — e pronto: estava armado o palco para os discursos. As palavras de ordem? Você já pode imaginar: críticas ao STF, ao governo atual, defesa das Forças Armadas e, claro, muitas mensagens de apoio ao Bolsonaro.
"Estamos aqui para mostrar que o movimento não arredou pé", gritou um dos organizadores, recebendo aplausos entusiasmados. "Eles pensaram que a gente ia desistir, mas subestimaram o amor do povo pela pátria!"
Ninguém oficial do bolsonarismo de alto escalão apareceu — o que deixou alguns um pouco frustrados. Mas a fé dos presentes não pareceu abalada. "Isso aqui é só o começo", me disse um senhor de boné das Forças Armadas, que preferiu não se identificar. "A gente volta quantas vezes for necessário."
O que significa tudo isso?
Bom, analisando de fora: manifestações como essa mostram que o bolsonarismo ainda respira — e como! — mesmo longe do poder. É a demonstração de uma base que permanece mobilizada, conectada pelas redes e disposta a ocupar espaços públicos para fazer seu protesto ser ouvido.
O Rio, e particularmente Copacabana, não é nenhum novato nesse tipo de evento. Já virou quase um símbolo dessas manifestações políticas — palco de celebrações, protestos e tudo mais que envolve a paixão nacional pela política.
Enquanto isso, o resto da orla seguia a vida normal. Turistas tiravam fotos do calçadão lotado, alguns curiosos paravam para observar, e os quiosques trabalhavam a todo vapor. Uma cena, no mínimo, surreal: o Brasil político e o Brasil real, dividindo o mesmo pedaço de areia.
O que vem pela frente? Difícil dizer. Mas uma coisa é certa: enquanto houver gente disposta a gastar seu domingo de sol carregando bandeira e cantando hino, a política brasileira continuará sendo um espetáculo tão imprevisível quanto fascinante.