
Numa dessas reviravoltas que só a política americana sabe produzir, Donald Trump — aquele mesmo que não sai dos holofotes nem quando está longe da Casa Branca — resolveu sacudir o mercado financeiro com declarações bombásticas. Dessa vez, o alvo foi ninguém menos que Jerome Powell, o poderoso presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
"Ele não merece estar nesse cargo", disparou Trump em entrevista. E não parou por aí: deixou claro que, se voltar à presidência, não teria dúvidas em cortar o mal pela raiz — ou seja, demitir Powell.
O dólar no olho do furacão
Resultado? O mercado entrou em parafuso. O dólar disparou contra outras moedas, os investidores correram para se proteger, e todo mundo ficou se perguntando: "Mas que diabos está acontecendo?".
Não é para menos. O Fed é uma instituição que, tradicionalmente, opera com certa independência em relação ao governo. A ideia é justamente evitar que decisões sobre juros e política monetária virem moeda de troca política. Só que Trump, como sempre, parece ter outros planos.
Por que essa ameaça é tão explosiva?
- O mandato de Powell só termina em 2026 — mas Trump já deixou claro que não respeitaria isso
- Mercados odeiam incerteza, e a ideia de um Fed "enxertado" de políticos assusta os investidores
- Qualquer sinal de interferência política pode fazer o dólar oscilar violentamente
E tem mais: analistas apontam que, se Trump realmente colocar alguém mais "alinhado" no comando do Fed, as taxas de juros poderiam cair artificialmente — o que, a curto prazo, até animaria os mercados, mas a longo prazo... bom, aí a conta chegaria com juros (e correção monetária).
"É como brincar com fogo usando luvas de gasolina", comentou um economista que preferiu não se identificar. E ele tem razão: mexer no Fed é mexer num dos pilares da economia global.
E o Brasil nessa história?
Pois é. Quando o dólar espirra, países emergentes como o nosso pegam pneumonia. Se a moeda americana ficar ainda mais volátil, podemos ver:
- Pressão inflacionária (importações ficam mais caras)
- Fuga de capitais (investidores fogem do risco)
- Custo maior para rolar a dívida externa
Não é exagero dizer que as declarações de Trump — que parecem só mais um capítulo da sua novela particular — podem ter repercussões reais no bolso do brasileiro. Ironia do destino? Talvez. Mas é a pura verdade.
Enquanto isso, Powell segue no cargo, tentando manter a pose de quem não se abala com as tempestades políticas. Mas convenhamos: deve estar roendo as unhas aí na sede do Fed em Washington.