
Eis que a Polícia Civil do Amazonas resolveu dar um nó na comunicação — e não foi dos pequenos. A partir de agora, delegados terão que pedir "licença" aos superiores antes de abrir a boca para a imprensa. Parece exagero? Pois é exatamente o que tá rolando desde essa segunda-feira (22).
O documento interno — desses que circulam nos corredores das delegacias — saiu com carimbo oficial e tudo. Nele, a determinação é clara como água de rio: nada de entrevistas, coletivas ou declarações sem o aval da cúpula. Quem descumprir, leva pito. Ou coisa pior.
Dois pesos, duas medidas?
Enquanto a corporação alega que a medida visa "padronizar a comunicação", do lado de fora o barulho é grande. Jornalistas experientes da região já torcem o nariz. "Isso aí cheira a censura disfarçada", soltou um repórter criminal que prefere não se identificar — ironicamente, por medo de represálias.
E não é pra menos. Imagine a cena: um delegado descobre esquema de corrupção milionário, mas precisa esperar o chefe bater o martelo antes de contar? Timing perfeito pra documentos sumirem e testemunhas mudarem de ideia, não?
O outro lado da moeda
A defesa da PC-AM vem com argumentos de peso — pelo menos no papel. Eles garantem que a medida:
- Evita informações desencontradas
- Protege investigações sensíveis
- Garante precisão nos dados divulgados
Mas cá entre nós: será que não tão jogando o bebê fora junto com a água do banho? A historinha de "padronização" já foi usada em tantos lugares que virou clichê de manual autoritário.
E o timing? Ninguém tá falando, mas a medida chega num momento delicado. Só nos últimos três meses, pelo menos quatro operações da PC-AM viraram alvo de críticas por supostos vazamentos seletivos. Coincidência? Difícil acreditar.
Enquanto isso, nas redações, o clima é de frustração. "A gente perde agilidade e, pior, perde confiança", desabafa uma editora local. Ela teme que, daqui pra frente, só chegue à imprensa o que for conveniente para a corporação.
O debate tá longe de acabar. De um lado, a necessidade de controle institucional. Do outro, o direito da população à informação rápida e sem filtros. No meio, como sempre, a verdade que parece escorrer entre os dedos.