
Eis uma reviravolta que poucos viram chegando: a inflação, aquela velha inimiga do bolso do brasileiro, está dando uma trégua — mas só para quem mais precisa. Enquanto isso, nas classes mais abastadas, o aperto parece estar longe do fim. Quem diria, hein?
Segundo os últimos dados do IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, a situação é no mínimo curiosa. Os preços dos itens básicos — arroz, feijão, aquela carne mais barata — começaram a ceder. Mas espere, não vá comemorar ainda. Nos bairros nobres, a história é outra.
O alívio (seletivo) dos preços
Para famílias com renda até dois salários mínimos, a inflação desacelerou para 0,45% em maio. Parece pouco? Para quem conta cada centavo, é uma luz no fim do túnel. "Finalmente um respiro", deve estar pensando a dona Maria, lá da periferia de São Paulo.
Mas aí vem o contraste: para quem ganha mais de 20 salários mínimos, a taxa saltou para 0,69%. Sim, você leu certo. Enquanto o povão sente algum alívio, os mais ricos estão vendo seus gastos com educação privada, planos de saúde top e restaurantes finos dispararem.
Por que essa inversão?
- Alimentos básicos: A queda nos preços de commodities agrícolas no mercado internacional chegou às prateleiras dos mercados populares
- Energia elétrica: As bandeiras tarifárias mais baixas beneficiam mais quem gasta proporcionalmente mais com luz
- Serviços premium: A alta do dólar e a demanda reprimida estão pressionando os gastos típicos das classes A e B
E tem mais: os economistas estão de cabelo em pé com esse cenário. "É um fenômeno atípico", comenta um analista, enquanto ajusta os óculos. Normalmente, a inflação corrói primeiro a base da pirâmide. Dessa vez, o script foi reescrito.
Mas calma lá — antes que você pense que os pobres estão nadando em dinheiro. Ainda estamos falando de Brasil, onde mesmo uma pequena melhora não apaga anos de aperto. "Melhorou, mas tá longe do ideal", resmunga um feirante enquanto arruma suas bananas.
E agora, o que esperar?
Os especialistas — esses seres que vivem de prever o imprevisível — estão divididos. Alguns acham que é só um respiro temporário. Outros apostam que a tendência pode se manter, especialmente se as commodities continuarem estáveis.
Uma coisa é certa: o cenário econômico brasileiro nunca foi simples. E essa inversão na inflação só prova que, quando o assunto é economia, até as "verdades absolutas" podem virar do avesso.
Fica a dica: fique de olho no seu bolso, porque nesse país, o que é hoje pode não ser amanhã. E como dizia minha avó: "Conta os trocados, mas não esquece de contar as moedas também".