
Era pra ser um dia comum. Mais uma sexta-feira qualquer no subúrbio carioca, com aquele clima ansioso de quem planeja uma viagem. Mas o destino — cruel e imprevisível — tinha outros planos para Matheus da Silveira Alves, um jovem de 22 anos que respirava futebol e sonhava com o Vasco desde criança.
Por volta das 21h de quinta, o clima pesou na Rua Canitar, em Ricardo de Albuquerque. Nada daquele aperto de mão amigo, nada daquela zoeira entre rivais. Só o estralar seco de tiros e o desespero de quem ouviu tudo. Dois carros escuros, vidros fechados, avançaram como sombras. Deles, saiu o que ninguém esperava: rajadas de arma de fogo que transformaram a noite em pesadelo.
Matheus não teve chance. Atingido em cheio, ainda foi arrastado para dentro de um veículo — um sequestro relâmpago, daqueles que a gente só vê em filme —, mas já estava sem vida. Seu corpo foi abandonado pouco depois, num ato de frieza que chocou até os mais antigos da região.
Planos Interrompidos pela Violência
Ele mal sabia, mas aquela seria uma das últimas noites no Rio. Matheus tinha passagem comprada para Minas Gerais. Queria visitar a família, rever os primos, talvez até dar um rolê no interior. Mas os planos foram interrompidos de forma brutal, sem aviso, sem explicação.
A Polícia Civil não perdeu tempo. Já identificou suspeitos — membros de uma torcida organizada rival — e trabalha com a hipótese de que o crime foi uma retaliação. Algo entre grupos que se enfrentam há tempos, uma rixa que ninguém de fora realmente entende, mas que consome vidas como se fossem números.
“Era um garoto tranquilo”, disseram os vizinhos. “Não merecia acabar assim.” Frases que se repetem em toda quebrada do Brasil, sempre após uma morte que poderia ter sido evitada.
O Vasco de Luto
O clube do coração de Matheus emitiu uma nota. “É com profundo pesar que o Vasco da Gama recebe a notícia do falecimento do torcedor Matheus Alves”, dizia o texto, pedindo justiça e oferecendo apoio à família. Palavras bonitas, mas que soam vazias quando a violência segue roteiro próprio.
Enquanto isso, o IML do Méier confirmou o óbito. Laudos, perícias, investigações. Tudo segue seu curso burocrático, enquanto a família de Matheus tenta digerir o absurdo.
Não era pra ser assim. Ele só torcia pro seu time. Só queria viajar. Só queria viver.