
Não deu tempo de reagir. Nem de correr. Na calada da noite desta quinta-feira (28), o silêncio do bairro Barreiro, em Belo Horizonte, foi estilhaçado por rajadas de violência pura.
Três homens, todos com passagem pela polícia – dois por tráfico, um por roubo –, foram surpreendidos por pelo menos dois indivíduos em um carro. Os vidros baixaram. E o que se seguiu foi uma cena de filme de terror, mas infelizmente real demais.
Estrondo, pânico e sangue. Muitos tiros. Tudo aconteceu numa velocidade assustadora, por volta das 23h, na Rua Padre José Maria de Man. Quando a poeira baixou, dois homens, de 20 e 25 anos, já estavam mortos no asfalto. Um terceiro, de 22, conseguiu fugir ferido – baleado na perna – e foi parar num hospital da região. Ele é a única testemunha.
Não foi assalto, foi execução
Os peritos que correram para o local não têm dúvidas. A forma como o ataque foi conduzido – preciso, rápido e letal – tem todas as marcas de uma execução. A PM já trabalha com a hipótese de acerto de contas ou guerra entre facções. Afinal, o cenário do crime é conhecido por ser um ponto de venda de drogas.
Os corpos dos dois jovens ficaram caídos na via, cobertos por lençóis, enquanto os agentes da Scientifica coletavam cada cápsula, cada vestígio. Uma cena triste, repetitiva, que insiste em manchar a cidade.
E agora, José?
O que resta é o medo. Moradores da região, que preferiram não se identificar com medo de represálias, ouviam os tiros de dentro de casa. "A gente já nem se assusta mais, é sempre a mesma coisa", confessou um deles, com uma resignação que dói.
A Polícia Militar garante que patrulhas foram intensificadas na área. Mas a pergunta que fica, ecoando nas ruas escuras do Barreiro, é: até quando? Até quando vidas jovens serão ceifadas numa guerra sem sentido? As investigações continuam, é claro. Mas, por ora, só sobram perguntas e duas famílias destroçadas.