Era para ser mais uma noite comum em Salvador, mas o que aconteceu na quarta-feira, 3, no bairro de Paripe, foi qualquer coisa menos normal. A violência, essa velha conhecida das estatísticas baianas, decidiu fazer mais uma visita – e dessa vez, o alvo foi um jovem que construía sua vida na tela de um celular.
Lucas Santos, um cara de 22 anos que muita gente conhecia pelas redes sociais, teve a vida interrompida de forma brutal. Tudo aconteceu por volta das 19h, horário em que a cidade ainda está acordada, cheia de movimento. Testemunhas contaram à polícia que ouviram não um, mas vários disparos. A cena que se seguiu foi de puro caos.
O Samu chegou rápido, tentou reanimá-lo – mas alguns ferimentos são simplesmente fatais. Lucas não resistiu. Foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), onde o caso oficialmente se tornou mais um número na lista de homicídios da capital.
Quem era o homem por trás das postagens?
Longe dos holofotes digitais, Lucas era um baiano como tantos outros. Nascido e criado em Salvador, ele tinha aquela energia típica de quem tenta criar oportunidades onde parecem não existir. Suas redes sociais mostravam um jovem cheio de vida, sempre cercado por amigos, postando sobre o dia a dia, sobre música, sobre a cidade que amava.
Não era um influencer milionário – longe disso. Mas tinha seu público, sua pequena comunidade que acompanhava seus vídeos e stories. Essa talvez seja a parte mais triste: a violência não escolhe status, não olha número de seguidores. Atinge quem estiver no caminho errado, na hora errada.
O que sabemos sobre o crime?
A Polícia Civil está com a boca fechada – e não é por acaso. Investigação em andamento é assim mesmo: poucas informações, muitas especulações. O que se sabe oficialmente é que a motivação do crime ainda é um ponto de interrogação gigante.
Os investigadores não descartam nada. Briga pessoal? Dívida? Caso passionel? Ou simplesmente o azar de ter testemunhado algo que não devia? Tudo está sobre a mesa. A Delegacia de Homicídios (DH) assumiu o caso e promete deixar nenhuma pedra sem revirar.
Um detalhe importante: até o momento, ninguém foi preso. Os assassinos sumiram na noite salva-dorense, deixando para trás apenas perguntas sem resposta e uma família destruída.
O outro lado das redes sociais
Esse caso escancara uma realidade que muitos influencers preferem ignorar: a exposição digital tem um preço, e às vezes ele é alto demais. Mostrar sua vida, sua rotina, seus lugares favoritos – tudo isso pode criar uma falsa sensação de intimidade com pessoas que você nem conhece.
Não estou dizendo que foi o que aconteceu aqui – até porque ainda não sabemos nada. Mas é um alerta para quem vive de compartilhar a própria vida na internet. A linha entre o público e o privado nunca foi tão tênue, e tão perigosa.
Enquanto isso, nas redes de Lucas, o silêncio. O último post ainda está lá, com dezenas de comentários de fãs que não acreditam no que aconteceu. “Não pode ser verdade”, “Acorda, Lucas, isso não tem graça” – a negação é a primeira fase do luto, e ela está escorrendo pela tela de tantos smartphones.
A Bahia chora mais um filho. Salvador perde mais um jovem. E a gente fica aqui, se perguntando quando é que essa guerra urbana sem sentido vai finalmente acabar.
