
Numa noite que começou como qualquer outra em Taguatinga Norte, o silêncio foi quebrado por tiros. Não aqueles de fogos de artifício — que até seriam mais fáceis de engolir —, mas os estampidos secos e certeiros de uma execução. Na porta de casa, como quem espera um delivery de pizza, um homem tombou. E aí, meu amigo, a vizinhança acordou pra vida real.
A polícia chegou depois que o estrago já estava feito — como de costume. O corpo ainda estava lá, no chão de concreto que já viu tanta coisa passar. Testemunhas? Todo mundo viu, ninguém viu. O clássico do DF, sabe como é. Os PMs fizeram aquela dança padrão: fita amarela, fotos, perguntas que não levam a lugar nenhum.
Os detalhes que assustam
Segundo os vizinhos — aqueles mesmos que agora trancam portas mais cedo —, foram pelo menos cinco tiros. Alguém quis garantir serviço bem feito. O carro dos assassinos? Sumiu na madrugada como fumaça. E olha que não era um fusquinha barulhento, não. Motor desligado, aproximação silenciosa, ação rápida. Profissionais, diria qualquer seriado policial.
A vítima? Homem, entre 30 e 35 anos. Nome não divulgado — a família ainda está naquele limbo entre o choque e o desespero. Seria tráfico? Acerto de contas? Briga de vizinho que escalou? Até agora, só especulações. A única certeza é que mais uma vida se foi naquele ritual macabro que virou rotina nas periferias.
E agora?
Enquanto os detetives fuçam pistas — se é que fuçam —, o povo de Taguatinga Norte fica com aquela pulga atrás da orelha. Quando será a próxima vez? Será que o alvo era ele mesmo, ou poderia ter sido qualquer um? Perguntas que, convenhamos, ninguém deveria precisar fazer ao fechar a porta de casa.
A Delegacia de Homicídios assumiu o caso, mas você sabe como é: processos engavetados, investigações que esfriam, até o próximo acontecer. Enquanto isso, o medo vira inquilino permanente na região. E a vida — essa teimosa — segue, entre um café e outro, como se nada tivesse acontecido.