
Era pra ser mais um dia comum na vida do pequeno Miguel — brincadeiras, descobertas, a inocência típica dos seus quatro aninhos. Mas o destino cruel resolveu escrever outro final. Na noite de quarta-feira (30), um disparo perdido — ou talvez não tão perdido assim — atravessou as paredes da casa humilde onde ele morava com a família em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Segundo testemunhas, o barulho de fogos de artifício — aqueles que muita gente confunde com tiros até se acostumar — deu lugar ao estampido seco de armas pesadas. "A gente nem teve tempo de se jogar no chão", conta a vizinha Dona Maria, ainda tremendo. "Quando vi, a criança tava ensanguentada no colo da mãe, gritando por ajuda."
Corrida contra o tempo
O SAMU chegou em menos de 15 minutos — tempo recorde pra região, diga-se de passagem. Mas já era tarde. O projétil, que entrou pela cozinha e ricocheteou numa parede, atingiu Miguel no abdômen. "Perdeu muito sangue antes mesmo de chegar ao hospital", relatou um dos paramédicos, com a voz embargada. No Pronto-Socorro Municipal, os médicos lutaram por quase uma hora, mas não conseguiram reverter o quadro.
Enquanto isso, na rua onde tudo aconteceu:
- Vizinhos se aglomeravam atrás da fita amarela da polícia
- Alguém soltou um "é sempre assim, ninguém faz nada"
- Um carro de som passou anunciando um culto evangélico, ignorando completamente a tragédia
O que se sabe até agora?
A Delegacia de Homicídios da Baixada assumiu o caso, mas — surpresa! — ainda não tem pistas concretas. "Pode ter sido briga de facção, ajuste de contas, ou até mesmo um tiro acidental durante treinamento policial", especula um investigador que preferiu não se identificar. (Sim, essa última hipótese já aconteceu antes na região).
A família, destruída, exige respostas. "Meu filho nem sabia o que era violência", desabafa o pai, segurando o ursinho de pelúcia favorito do menino. "Agora virou mais uma estatística."
Enquanto isso, na Assembleia Legislativa, políticos discutem — pela milésima vez — um pacote de medidas contra a violência. Coincidentemente, ano que vem tem eleição...