
Não foi uma noite qualquer no bairro Vila Isabel, em Três Rios. Por volta das 3h30 da madrugada, o silêncio foi quebrado por rajadas de tiros seguidos de uma explosão que fez janelas tremerem a quarteirões de distância. A casa da dona de casa Maria* (nome preservado) virou alvo de um ataque que mistura filme de ação com pesadelo real.
Segundo relatos dos vizinhos — que ainda estavam com a voz trêmula horas depois —, pelo menos dois indivíduos chegaram em um carro escuro, desceram com armas pesadas e simplesmente abriram fogo contra a residência. Mas não pararam por aí. Um dos criminosos lançou o que testemunhas descreveram como "uma granada de guerra" contra a fachada.
"Pensei que fosse o fim do mundo"
Dona Lúcia, vizinha da vítima, contou com os olhos ainda arregalados: "Acordei com um barulho ensurdecedor. Primeiro pensei que fosse um acidente na linha férrea, mas aí vieram mais tiros. Saí correndo para o chão, me escondi debaixo da mesa. Nunca senti tanto medo na vida".
A polícia militar chegou em 8 minutos — tempo recorde para a região — mas os bandidos já haviam evaporado na escuridão. No local, encontraram:
- Dezenas de cápsulas de calibre .40 espalhadas pela rua
- Um cratera de 30cm de profundidade no jardim frontal
- Janelas estilhaçadas e marcas de bala nas paredes
O que mais intriga os investigadores é o alvo. Maria, uma aposentada de 62 anos sem antecedentes criminais, jurou não ter inimigos. "Eu só cuido dos meus netos e vou à missa aos domingos", disse, ainda em choque, aos policiais.
Teoria da "casa errada"
Um dos delegados que chefia as investigações, em off, sugeriu que pode ter havido engano: "Temos informações de que um traficante procurado morava nessa rua até 2 meses atrás. Pode ser caso de identidade equivocada". Mas essa versão não convence todos. Alguns agentes suspeitam de dívidas não declaradas ou até mesmo ameaças veladas.
Enquanto isso, o bairro vive clima de tensão. Muitos fecharam as portas antes do anoitecer. "A gente sabe que quando vem com esse tipo de armamento, não é brincadeira", comentou um morador que preferiu não se identificar. A prefeitura prometeu reforçar a rondas — promessa que, convenhamos, já ouvimos antes.
Agora é esperar. Esperar que a polícia desvende esse mistério. Esperar que não haja novos ataques. E, principalmente, esperar que Maria consiga dormir novamente em sua própria casa — que, hoje, mais parece um campo de batalha do que um lar.