
O silêncio que deveria reinar num lugar sagrado foi quebrado por tiros. E o que era para ser um momento de paz transformou-se numa cena de horror que vai marcar para sempre a comunidade do Chapadão, na Zona Norte do Rio.
Neste domingo, primeiro de setembro, por volta das 19h30, a violência urbana — essa que a gente pensa que só vê na TV — invadiu as portas da Igreja Cristã de Nova Vida. Lá dentro, durante o culto, estava o policial civil Alessandro Silva Vieira, de 36 anos. Servidor do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), ele não teve chance.
Dois homens simplesmente entraram no templo e efetuaram vários disparos. Alessandro foi atingido em cheio. O que será que se passa na cabeça de alguém que comete um crime desses? Dentro de uma igreja? No meio de um culto?
Corrida Contra o Tempo
O socorro foi acionado desesperadamente. Bombeiros e agentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) correram para o local, mas a gravidade dos ferimentos não deu margem para milagres. O policial não resistiu e morreu ainda no interior da igreja, perante os olhos horrorizados dos fiéis.
— A gente ouviu os tiros, foi um estouro ensurdecedor. Depois, só o choro e o desespero — relatou uma moradora da Rua São José, que preferiu não se identificar, com a voz ainda trêmula.
O Velório e a Despedida
Na segunda-feira, dia 2, o corpo de Alessandro foi velado no Cemitério Parque Jardim da Saudade, em Sulacap. O que dizer num momento desses? Colegas de corporação, familiares e amigos se despediram de um homem descrito como dedicado e bom profissional. A Polícia Civil confirmou o óbito e já iniciou as investigações — mas, cá entre nós, todo mundo sabe que prender os culpados não vai trazer ele de volta.
O governador Cláudio Castro, por meio de suas redes sociais, soltou uma nota de pesar. Disse que está acompanhando o caso e determinou o apuramento total do crime. Palavras de autoridade, que soam bem… mas será que são suficientes para acalmar o medo que tomou conta da comunidade?
Um Lugar que Perdeu a Paz
O mais aterrador nisso tudo — se é que algo pode ser mais aterrador — é o local escolhido. Uma igreja. Um refúgio, o último lugar onde as pessoas esperam encontrar violência. O que está acontecendo com o Rio? Até quando vamos conviver com esse nível de barbárie?
O caso segue sob a responsabilidade da 39ª DP (Praça Seca), que tenta reconstituir os passos dos assassinos e descobrir o motivo do crime. Há especulações de que Alessandro pudesse ter sido alvo por sua profissão, mas nada foi confirmado. A verdade é que uma família perdeu um ente querido, e a cidade fica mais um pouco refém do medo.