
As lentes frias das câmeras presas aos uniformes não mentem. Naquela noite em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, cada movimento ficou registrado — e agora serve como prova irrefutável. Dois policiais militares vão encarar a Justiça acusados de homicídio doloso após as imagens mostrarem o que testemunhas já diziam: a ação foi desproporcional, brutal.
O caso, que chocou moradores da comunidade, aconteceu no último sábado. Segundo relatos, os PMs abordaram o jovem de 22 anos de forma agressiva. Nas filmagens, dá pra ver o momento exato em que a situação escalou. "Foi como se tivessem perdido a linha", comenta um vizinho que preferiu não se identificar.
O que as câmeras mostraram?
Detalhes que contradizem a versão inicial:
- O rapaz não reagiu — levantou as mãos quando ordenado
- Os disparos foram feitos a curta distância (menos de 3 metros)
- Nenhuma arma foi encontrada com a vítima
"Isso aqui não é procedimento padrão, nem de longe", dispara um advogado criminalista ouvido pela reportagem. A família do jovem, em luto, exige justiça. "Era um menino trabalhador, sem passagem...", diz a mãe, entre lágrimas.
E agora?
Os PMs foram afastados e responderão processo. A Corregedoria promete apuração rigorosa, mas na comunidade o clima é de desconfiança. "Quantos casos assim não sumiram antes das câmeras?", questiona uma liderança local.
Para especialistas, o caso expõe um dilema: as câmeras servem tanto para proteger policiais quanto para mostrar abusos. "O problema nunca foi a tecnologia, mas o que humanos decidem fazer com ela", reflete um pesquisador de segurança pública.