Operação Escudo completa 2 anos: relatório expõe abusos policiais e vingança contra jovens negros e pobres
Operação Escudo: relatório revela abusos contra jovens pobres

Dois anos se passaram, mas as feridas ainda estão abertas. A chamada Operação Escudo, que prometia combater o crime na Baixada Santista, deixou um rastro de dor e questionamentos. Um relatório recente — daqueles que a gente lê com o estômago embrulhado — escancara o que muitos já suspeitavam: violência desmedida e, pior, motivação por vingança contra quem menos podia se defender.

Os números falam por si: 78% dos abordados eram negros, 92% moravam em comunidades carentes. "Não foi guerra às drogas, foi caça aos pobres", dispara um ativista local, com aquela voz cansada de repetir o óbvio.

O que o documento revela?

  • Mais de 200 abordagens consideradas "desproporcionais"
  • Relatos de humilhação pública e tortura psicológica
  • Falta de provas contra 65% dos detidos
  • Padrão de revistas íntimas vexatórias em jovens mulheres

Numa cena que parece saída de filme distópico, um adolescente de 17 anos conta ter sido obrigado a ficar de joelhos no asfalto quente por 40 minutos. "Pedi água e levaram o cachorro pra beber na minha frente", relata, com um misto de raiva e resignação que corta a alma.

E as autoridades?

Ah, o velho discurso de sempre: "excessos isolados". Mas quando 87% das denúncias seguem sem investigação, fica difícil engolir essa história. A Secretaria de Segurança prometeu "aprimorar protocolos" — sabe-se lá quando.

Enquanto isso, nas vielas do Jardim São Manoel, dona Maria, mãe de um dos jovens agredidos, resume tudo enquanto mexe o feijão: "Aqui a lei é bala, é porrada, é humilhação. Cadê o tal Estado que devia proteger a gente?"