Uma cena que deveria ser de proteção virou terror. Na última terça-feira (29), uma mulher — que prefere não se identificar por medo de represálias — viveu minutos de puro desespero durante uma abordagem policial em Porto Alegre. Segundo seu relato, o que começou como uma ação rotineira descambou para agressões físicas e humilhação.
"Parecia um filme de terror, só que real", desabafa a vítima, ainda visivelmente abalada. Os PMs teriam usado força excessiva, deixando marcas visíveis em seu braço direito — algo que ela documentou com fotos horas depois.
O outro lado da farda
Testemunhas confirmam parte da história. "Dois policiais a cercaram de forma agressiva sem motivo aparente", conta um comerciante que presenciou a cena. Detalhe preocupante: a vítima alega que estava apenas caminhando para o trabalho quando foi interceptada.
A Polícia Militar, por sua vez, já se manifestou. Em nota curta e direta, informou que "o caso está sob apuração interna". Prometem apurar com rigor, mas não deram prazos — o que deixa a vítima e defensores de direitos humanos apreensivos.
Padrão ou exceção?
Especialistas ouvidos pelo G1 lembram que este não é um caso isolado. "Infelizmente, vemos repetições desse roteiro em várias cidades brasileiras", analisa a advogada especialista em direitos humanos, Carla Mendonça. Ela defende que câmeras corporais — ainda escassas no RS — poderiam evitar muitos desses conflitos.
Enquanto isso, a vítima tenta reconstruir a confiança nas instituições. "Só quero justiça", diz, entre lágrimas. Seu depoimento já foi registrado numa delegacia especializada, mas o caminho até uma possível punição dos envolvidos ainda parece longo.
