A cena foi rápida, mas deixou marcas profundas. Nesta segunda-feira, um protesto pacífico de moradores do bairro Campos de São José — uma área mais privilegiada da cidade — transformou-se em palco de tensão quando um guarda municipal recorreu ao spray de pimenta contra manifestantes. O motivo da revolta? A remoção de um parquinho infantil que era ponto de encontro da comunidade.
Testemunhas relatam que a situação escalou quando os manifestantes tentaram impedir a ação da prefeitura. "Foi um excesso claro, desproporcional", comenta uma moradora que preferiu não se identificar, ainda visivelmente abalada. "Crianças estavam por perto, pessoas idosas... não havia necessidade daquilo".
Prefeitura reage e abre investigação
O caso não passou despercebido. A administração municipal, liderada pelo prefeito Anderson Farias, anunciou na tarde de terça-feira a abertura de um processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do agente. A Secretaria de Segurança Urbana já está colhendo depoimentos e imagens do ocorrido.
É interessante notar como essas pequenas batalhas urbanas refletem conflitos maiores sobre o uso do espaço público. O parquinho, aparentemente um detalhe, representa muito mais: é sobre convivência, memórias afetivas e o direito à cidade.
O outro lado da moeda
A Guarda Municipal, por sua vez, defende que agiu para garantir a ordem durante a retirada dos equipamentos — que segundo a prefeitura, precisavam de manutenção urgente por questões de segurança. Mas será que a força empregada foi realmente necessária? Essa é a questão central que a investigação precisará responder.
Moradores prometem não recuar. "Vamos continuar pressionando", avisa um dos organizadores do protesto. "Isso aqui é sobre o futuro das nossas crianças".
Enquanto isso, a cidade aguarda os desdobramentos. O caso expõe feridas antigas na relação entre poder público e comunidade — e mostra como, às vezes, as maiores batalhas começam nos lugares mais inesperados.
