
O cenário era de guerra. Não exagero. O carro — uma Honda HR-V prata — parecia uma peneira, literalmente furado por 29 projéteis de alto calibre. E no centro dessa tempestade de aço, uma vida foi ceifada.
Ruy Ferraz, 62 anos, ex-delegado da Polícia Federal, estava estacionado na Rua José Guerra, na Chácara Santo Antônio, zona sul de São Paulo, por volta das 11h da manhã desta terça-feira (16). Tudo indica que ele esperava alguém. Mas quem chegou foram os executores.
A Cena do Crime: Brutalidade e Precisão
Testemunhas — aquelas que ainda se atrevem a falar em um caso desses — contaram à polícia que ouviram algo entre 20 e 30 disparos. Uma rajada rápida, seca, ensurdecedora. O tipo de ruído que não se confunde com nada.
Os atiradores não deram chance. A perícia encontrou dezenas de cápsulas 7.62 no asfalto, calibre comumente usado em fuzis. A precisão foi assustadora. A maioria dos tiros acertou o lado do motorista. E pelo menos dois encontraram o alvo fatal: a cabeça de Ruy.
Não foi um assalto, isso é óbvio. Foi uma execução. Daquelas bem planejadas, por sinal — e isso assusta ainda mais.
Quem Era Ruy Ferraz?
Ah, essa é a pergunta que todo mundo faz. O homem por trás da tragédia. Ferraz não era mais um cidadão comum. Tinha histórico na PF, onde trabalhou por anos, inclusive em investigações sensíveis. Sabe como é… quem lida com certos assuntos acaba criando inimigos poderosos.
Desde que se aposentou, mantinha um escritório de advocacia, mas as investigações iniciais sugerem que ele ainda orbitava esse mundo cinzento entre a lei e o crime. Um personagem complexo, daqueles que deixam rastros.
O Que Diz a Polícia?
O DECAP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) assumiu o caso. Eles estão cautelosos — e com razão. Casos envolvendo ex-agentes são sempre espinhosos.
As linhas de investigação? Bem, ninguém oficialmente aponta um motivo, mas os sussurros nos corredores falam em disputas de poder, acertos de conta ou até mesmo um passado que resolveu cobrar seu preço. As câmeras de segurança da região estão sendo vasculhadas com lupa. Alguém viu algo. Sempre veem.
O carro, a tal HR-V crivada, foi levado para o pátio do Instituto de Criminalística. Vai passar por uma verdadeira autópsia metálica. Cada projétil, cada estilhaço, conta uma parte dessa história violenta.
O Clima na Cidade
Um ataque assim, em plena luz do dia, em um bairro residencial de classe média alta… é para causar pânico. E causa. Moradores olham com desconfiança, fecham os portões com mais força. A sensação de insegurança, que já era uma sombra, agora ganha contornos concretos.
Quantos fuzis estão circulando por aí? Quantos grupos têm poder de fogo para fazer algo assim? Perguntas que ecoam, sem resposta.
O caso de Ruy Ferraz é mais do que um homicídio. É um recado. Uma demonstração de força brutal. E São Paulo, hoje, está tentando entender o que vem a seguir.