Legítima Defesa: Polícia Civil do RS arquiva caso de agricultor que reagiu a assalto e matou PM
Agricultor reage a assalto de PMs e mata um: legítima defesa

Era uma noite como qualquer outra no interior gaúcho—até que deixou de ser. O que começou como mais um plantio tranquilo terminou em sangue e questionamentos sobre até onde pode ir o direito de se defender.

Dois PMs. Fardas? Nem pensar. À paisana, numa moto preta, seguindo o agricultor de 62 anos como se fossem sombras persistentes. A emboscada foi armada na Estrada do Frigorífico, em Cachoeira do Sul, e o que se seguiu foi puro caos.

"Roubo!", gritaram. Apontaram arma. Exigiram o carro e o dinheiro. Só que o alvo daquela noite—um senhor de seis décadas de vida—não era tão fácil assim.

Ele reagiu. Puxou a própria pistola e atirou. Um dos PMs—o soldado Jean Carlos da Rosa—levou três tiros e não resistiu. O outro, identificado como sargento Alex Sandro Oliveira, fugiu. Mas a história mal tinha começado.

Não era qualquer vítima

O agricultor, veio a se descobrir depois, era também vigilante. Porte de arma, tudo certinho. E na hora do desespero, fez o que muita gente se pergunta se teria coragem de fazer: revidou.

A Polícia Civil mergulhou fundo. Recolheu imagens de câmeras, ouviu testemunhas, examinou provas balísticas. Conclusão? Legítima defesa, ponto final. Não vai responder criminalmente pelo ocorrido.

Mas é claro que nada é tão simples. O sargento Alex, que escapou ileso—pelo menos fisicamente—agora é investigado por latrocínio. Roubo seguido de morte, mesmo que a morte tenha sido a do próprio parceiro.

E as consequências?

O agricultor, abalado, segue sua vida. Traumatizado, com certeza. Quem não ficaria? Matar alguém—mesmo em autodefesa—não é algo que se apague com um relatório policial.

Já a Brigada Militar—que viu dois dos seus envolvidos num crime tão violento—precisa agora encarar o reflexo no espelho. Dois profissionais treinados, armados, tentando assaltar um cidadão. Que tipo de quebra de confiança é essa?

O caso escancara uma realidade dura: até quem deveria proteger está, às vezes, do outro lado da lei. E deixa no ar a pergunta: na hora do pânico, até onde podemos ir para sobreviver?

O inquérito está arquivado. A justiça, pelo menos por agora, falou. Mas o debate—esse só está começando.