
O rosto ainda marcado, mas o olhar decidido. Quem vê Gabriela* hoje — uma semana após a cirurgia reparadora — mal imagina o inferno que ela atravessou. "Foram 61 socos", conta, com uma voz que mistura raiva e alívio. "Mas nenhum deles conseguiu quebrar minha vontade de viver."
O ex-namorado, um atleta conhecido nos campos brasileiros (cujo nome a Justiça ainda mantém em sigilo), transformou o que deveria ser um simples desentendimento numa cena de horror. Naquela noite de sexta-feira, o apartamento na zona sul do Rio virou palco de uma agressão que deixaria qualquer um em choque.
"Pensei que ia morrer"
Entre um suspiro e outro, Gabriela descreve os minutos que pareceram eternos: "Ele me encurralou no banheiro. Cada golpe vinha com xingamentos. Meu rosto bateu na pia, depois no chão... Quando acordei no hospital, não reconheci meu próprio reflexo."
Os médicos contaram 14 fraturas faciais. Dois hematomas cerebrais. Uma reconstrução completa do nariz. E algo que não aparece nos exames: o trauma psicológico de quem sobreviveu ao pior pesadelo de uma mulher.
A cirurgia que devolveu um rosto
Na última terça, uma equipe de cirurgiões plásticos trabalhou por nove horas seguidas. "Quase como um quebra-cabeças ósseo", brinca o doutor André Luiz, tentando aliviar a tensão. Os resultados? Surpreendentes. Mas Gabriela insiste: "Não quero só meu rosto de volta. Quero justiça."
- O ex-jogador está foragido desde o dia da agressão
- O caso virou prioridade na Delegacia da Mulher
- A pena pode chegar a 12 anos de prisão
Enquanto isso, nas redes sociais, o movimento #JustiçaParaGabriela ganha força. Uma prova de que a sociedade está acordando — ainda que tarde — para a epidemia de violência que atinge uma em cada quatro brasileiras.
*Nome alterado para preservar a identidade da vítima