Vítima de violência doméstica recebe alta após cirurgia de reconstrução no RN — '60 socos mudaram minha vida', relata
Vítima de 60 socos no RN surpreende com recuperação rápida

Ela mal conseguia segurar um copo d'água quando chegou ao hospital. Três dias depois daquela noite que preferiria apagar da memória, a paciente — cujo nome preservamos por questões de segurança — já caminhava pelo corredor, surpreendendo até os médicos mais experientes.

"Quando vi o raio-X, pensei que levaríamos semanas", confessa o cirurgião ortopédico Dr. Rafael Souto, esfregando os olhos como quem não acredita no próprio diagnóstico. "Mas o corpo humano... ora, o corpo humano é uma caixinha de surpresas."

O pesadelo que virou caso de saúde pública

Tudo começou numa terça-feira comum. Ou quase comum — porque relacionamentos abusivos têm dessas, né? Transformam o trivial em campo minado. Segundo boletim de ocorrência, o companheiro da vítima desferiu mais de 60 golpes após discussão banal sobre... espere só... quem lavaria a louça do jantar.

"Ela chegou com múltiplas fraturas faciais", relata a enfermeira intensivista Luana Bezerra, enquanto ajusta o gotejamento de soro. "Mandíbula, zigomático, orbital — parecia um quebra-cabeça de ossos."

Recuperação que desafia a lógica

Eis o que deixou os profissionais de plantão de queixo caído:

  • Cirurgia de 7 horas para reconstrução com placas de titânio
  • Uso inovador de enxerto ósseo da bacia
  • Alta hospitalar em tempo recorde — 72 horas pós-operatórias

Não fosse a marca roxa ainda visível sob a maquiagem (que ela insiste em usar, "para não assustar as crianças"), dir-se-ia um milagre. Mas milagres, bem sabemos, raramente acontecem em casos como esse.

O outro lado da moeda

Enquanto isso, o agressor — cuja identidade também não revelaremos — aguarda julgamento em regime fechado. A defesa alega "surto momentâneo", mas o Ministério Público já classificou o caso como tentativa de feminicídio qualificado.

"Temos testemunhas, vídeos do prédio, laudos periciais", enumera a promotora Carla Dantas, martelando cada palavra como quem crava pregos num caixão. "Esse indivíduo não voltará a ameaçar sociedade tão cedo."

Já a vítima, agora sob proteção policial, planeja mudar de cidade. "Quero virar página", diz ela, mãos trêmulas segurando a alta médica como troféu. "Mas antes, vou ajudar outras mulheres a escreverem suas histórias de fuga."