
Imagine o inimaginável. Um pai, que deveria ser porto seguro, transformando-se em verdugo do próprio sangue. Foi exatamente esse pesadelo que se materializou nas ruas de Maceió, deixando uma marca permanente na história da justiça alagoana.
O Tribunal do Júri não teve dúvidas — a sentença foi dura, implacável: mais de cinquenta anos de prisão. Cinco décadas atrás das grades para um homem que cometeu o mais abjeto dos crimes. Seu filho, apenas um garotinho de quatro anos, foi vítima de um envenenamento cruel. E o pior? A tentativa desesperada de jogar a culpa em uma instituição de ensino.
O plano que desmoronou
Tudo começou — ou melhor, terminou — em setembro de 2022. A criança chegou à creche aparentemente saudável, mas seu estado deteriorou-se rapidamente. Convulsões. Mal-estar agudo. O desespero tomou conta dos educadores, que imediatamente acionaram o socorro médico. Mas já era tarde demais.
O menino não resistiu. E enquanto a comunidade chorava a perda, o pai tecia uma teia de mentiras. "Foi a creche", insistia ele, apontando o dedo para os profissionais que dedicavam suas vidas ao cuidado infantil. Que ironia amarga.
A verdade vem à tona
Ah, mas a verdade tem dessas coisas — ela insiste em emergir, não importa o quanto tentem afogá-la. As investigações da Polícia Civil foram meticulosas. Perícias, exames toxicológicos, o pacote completo. E todas as evidências convergiram para um único ponto: o assassino morava sob o mesmo teto que a vítima.
O laudo não deixou margem para dúvidas: envenenamento por substância tóxica. E adivinhem quem tinha acesso ao tal veneno? Exatamente. O próprio réu. O caso, que parecia um mistério, transformou-se numa tragédia anunciada com assinatura familiar.
Durante o julgamento, a defesa tentou — é claro que tentou — criar brechas. Alegou que não havia provas diretas. Que era circunstancial. Mas o Ministério Público apresentou um quebra-cabeça tão completo que até o mais cético dos jurados se convenceu. A hipótese de acidente? Descartada. A tentativa de culpar a creche? Só acrescentou o agravante de calúnia contra pessoas inocentes.
Justiça além dos números
Números grandes assim — 50 anos — parecem abstratos até a gente parar para pensar. É uma vida inteira. Praticamente duas gerações. E ainda assim, questiono se algum castigo seria suficiente para um crime dessa magnitude. A promotoria pediu, o júri concedeu. A justiça foi feita, ainda que nada possa devolver aquele sorriso de quatro anos.
O caso serve como um alerta sombrio. Um daqueles que a gente lê e espera nunca testemunhar de perto. A violência intrafamiliar é uma ferida que sangra em silêncio, e às vezes explode da maneira mais trágica possível. Fica a lição: monstros reais não vivem sob a cama. Às vezes, eles sentam à mesa de jantar.