
Era pra ser mais uma noite comum num bairro tranquilo de Montes Claros, mas o que aconteceu naquela residência transformou a rotina em pesadelo. Um homem, supostamente deveria ser protetor, tornou-se o agressor da própria filha de 16 anos. Tudo porque a adolescente se recusou a atender um pedido inusitado: buscar cerveja na geladeira.
Segundo relatos dos vizinhos – que preferiram não se identificar por medo de represálias – a discussão começou baixa, mas rapidamente escalou para gritos e depois para algo muito pior. O som de objetos quebrando e choros convulsivos fez com que alguém finalmente tivesse coragem de ligar para a polícia.
"Não é trabalho de criança"
A adolescente, cuja identidade foi preservada, teria dito algo que muitos considerariam justo: que não era sua responsabilidade servir bebidas alcoólicas ao pai. Essa recusa, aparentemente simples, desencadeou uma fúria desproporcional no homem.
Quando os agentes da Polícia Militar chegaram ao local, encontraram a cena que descrevem como "desoladora". A jovem estava visivelmente abalada, com marcas físicas das agressões. O pai, por sua vez, ainda estava alterado – e isso é putting it mildly.
O que diz a lei
O caso foi registrado como lesão corporal e o indivíduo foi levado para a delegacia. Agora, a Justiça vai precisar se pronunciar sobre algo que vai muito além de uma simples discussão familiar: estamos falando de violência doméstica contra uma menor, algo que a legislação brasileira trata com extrema seriedade.
Especialistas em direito familiar já começaram a comentar o caso. "Não existe justificativa possível para um adulto agredir fisicamente um adolescente, especialmente por algo tão trivial", comenta uma advogada que acompanha casos similares. "O que mais preocupa é a normalização da violência dentro do ambiente doméstico."
Enquanto isso, a adolescente recebe atendimento psicossocial. O trauma de ser agredida por quem deveria protegê-la é algo que levará tempo para ser superado – se é que algum dia será completamente superado.
Moradores da região comentam o caso com mistura de indignação e preocupação. "A gente sempre vê coisas assim acontecerem behind closed doors, mas raramente tem testemunha ou coragem para intervir", diz uma vizinha. "Dessa vez foi diferente."
O caso serve como alerta para uma realidade incômoda: muitas vezes, a violência começa com gestos aparentemente pequenos, mas que revelam dinâmicas familiares profundamente problemáticas. E em pleno 2025, ainda precisamos lembrar que crianças e adolescentes não são servos dos adultos – muito menos quando o assunto é bebida alcoólica.