
Um silêncio pesado paira sobre o interior cearense após uma revelação que beira o inacreditável. Na pacata Tianguá, a 327 quilômetros de Fortaleza, a polícia prendeu um casal por crimes que desafiam a compreensão humana – um padrasto acusado de violentar sexualmente a enteada adolescente e a própria mãe da jovem, suspeita de ter fechado os olhos para a atrocidade.
Segundo as investigações – que ainda correm em sigilo – os abusos se arrastavam há meses, quiçá anos. A menina, cuja identidade permanece guardada a sete chaves, teria sofrido calada até encontrar coragem para denunciar. E olha que coragem: enfrentar não só o agressor, mas a pessoa que deveria protegê-la acima de tudo.
O papel da mãe: omissão ou cumplicidade?
Aqui é que a coisa fica ainda mais complicada. A mãe da vítima não apenas sabia dos horrores que aconteciam sob seu teto, como teria se tornado uma espécie de cúmplice por inação. Imagina só: a pessoa que te trouxe ao mundo assistindo – ou pior, ignorando – sua destruição. As autoridades tratam a conduta dela não como mera negligência, mas como participação efectiva no crime.
Não foi um descuido, um "não percebi". Tudo indica que havia um padrão, uma repetição que tornava a ignorância impossível. Ela escolheu o companheiro em detrimento da filha – uma equação moralmente catastrófica.
A prisão e o que vem pela frente
Os dois foram detidos num clima de comoção local. O padrasto, é claro, responde por estupro de vulnerável – crime hediondo, sem direito a fiança. A mãe encara acusações de facilitar o crime, talvez até de coautoria moral. O caso agora está nas mãos da Justiça, que terá de decifrar os fios dessa teia de horror doméstico.
O que leva uma mãe a trair assim a própria cria? Medo? Dependência emocional? Ou pura maldade? São perguntas que ficarão ecoando no tribunal – e na comunidade – pelos próximos meses.
Enquanto isso, a adolescente recebe apoio psicossocial. Tenta reconstruir a confiança num mundo que, para ela, desmoronou duas vezes: na violência do padrasto e no silêncio da mãe.