
A noite de segunda-feira (2) em Florianópolis foi marcada por uma cena de horror. Naquele que deveria ser um local de segurança – o próprio lar –, uma vida foi brutalmente interrompida. Tudo aconteceu num apartamento no bairro Itacorubi, um lugar normalmente tranquilo, que agora carrega o peso de uma tragédia inexplicável.
Por volta das 20h30, o silêncio foi quebrado. Vizinhos, assustados com barulhos de uma discussão acalorada, mal podiam imaginar a dimensão do que se desenrolava atrás daquela porta. Quando a Polícia Militar chegou ao local, atendendo a chamados desesperados, deparou-se com uma imagem chocante: uma mulher, ainda não identificada oficialmente, jazia sem vida, vítima de múltiplos golpes de faca.
O cenário era caótico. E no meio dele, um homem, de 39 anos, que a polícia acredita ser o companheiro da vítima. Ele não tentou fugir, não negou. Pelo contrário, estava ali, também ferido. Mas as informações são confusas – ele alega que os ferimentos foram causados pela própria vítima durante uma luta corporal. Será? As autoridades, é claro, tratam a versão com a máxima cautela, afinal, é a palavra de um suspeito contra as evidências brutais do crime.
As Perguntas que Ficam no Ar
O que leva uma pessoa a cometer um acto de tamanha violência contra quem supostamente ama? O que aconteceu naquela noite fatídica que desencadeou tamanha fúria? Essas são perguntas que, por enquanto, ficam sem resposta. A motivação do crime ainda é um grande ponto de interrogação para os investigadores.
O suspeito, após ser detido no local, não foi levado para a cadeia imediatamente. Os ferimentos dele exigiam cuidados. Ele foi encaminhado para o Hospital Governador Celso Ramos, onde permanece sob custódia policial. Um hospital que deveria ser local de cura, agora também é cenário de uma custódia trágica.
Um Caso que Cheira a Feminicídio
Tudo – absolutamente tudo – neste caso aponta para a mais cruel das hipóteses: feminicídio. A vítima é uma mulher. O agressor, o seu parceiro. O cenário, a própria casa. A Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) assumiu as investigações, e é por essa linha que eles estão seguindo. A perícia técnica trabalhou no local até altas horas, recolhendo cada fragmento de prova, cada detalhe que possa reconstruir os minutos de fúria que terminaram em morte.
O corpo da vítima, uma cena triste e solene, foi removido e encaminhado ao Instituto Geral de Perícias (IGP) para a autópsia que, com certeza, vai detalhar a brutalidade dos golpes. Cada corte contará uma parte da história daqueles últimos momentos de terror.
É um daqueles casos que nos fazem perder um pouco a fé. Que nos lembram, de forma cruel e abrupta, de que a violência contra a mulher não é uma estatística distante. Ela acontece aqui, ao lado, num bairro pacato de uma ilha famosa pela sua beleza. Uma beleza que, hoje, está manchada de vermelho.