
Era uma terça-feira comum — dessas que começam com café frio e promessas de produtividade — quando a rotina virou pesadelo. Ana (nome fictício), moradora do bairro da Boa Vista, em Recife, precisou de três banhos gelados para tirar da pele a sensação de nojo. "Pensei que fosse um rato no telhado", conta, com as mãos tremendo ao segurar o celular. "Quando olhei pela janela, era um homem da obra ao lado, completamente nu, se tocando enquanto encarava meu apartamento."
O episódio, registrado na última semana, transformou a relação da designer de 34 anos com seu próprio lar. "Minha varanda era meu refúgio. Agora travo quando o vento bate na janela", desabafa. A câmera do seu smartphone capturou imagens que viraram prova no 13º DP — mas não apagaram o trauma.
O que diz a lei?
Segundo o delegado responsável pelo caso, o Artigo 215-A do Código Penal é claro: ato libidinoso com intenção de assédio pode render até 5 anos de cadeia. "Temos testemunhas e provas contundentes", garante. A construtora, procurada pela reportagem, limitou-se a dizer que "tomará as providências cabíveis".
Enquanto isso, Ana reinventa sua rotina:
- Instalou cortinas blackout
- Mudou o horário do banho
- Contratou um psicólogo especializado em trauma
"Não deveria ser assim", protesta, enquanto ajusta o fecho da bolsa — onde agora carrega spray de pimenta. "Mulheres merecem cidade, não fortalezas."