
Era pra ser um alívio. A mãe, enfim, presa depois de tantas denúncias de tortura contra os próprios filhos. Mas o que aconteceu depois foi, pra ser bem franco, uma tragédia anunciada que ninguém teve competência de evitar.
Horas depois da mulher ser levada para a cadeia, a filha de 13 anos – a vítima de sempre – foi amarrada como um animal e estuprada pelo próprio padrasto. Na mesma casa. O mesmo lugar onde já sofria maus-tratos diários. O sistema, que deveria protegê-la, falhou de uma maneira que beira o inacreditável.
Uma sequência de erros fatais
Segundo as investigações, a Polícia Civil prendeu a mãe na terça-feira (2) por suspeita de maus-tratos. Os filhos, incluindo a adolescente, foram deixados sob os cuidados do companheiro dela. Sim, o mesmo homem que agora é acusado de cometar um dos crimes mais covardes que existem.
Não demorou muito. Na madrugada de quarta-feira (3), ele aproveitou que estavam sozinhos e agiu. Amarrou os pulsos da menina e cometeu o estupro. A violência – física e psicológica – é algo que dificilmente será superado.
O grito de socorro que ecoou
Milagrosamente, a jovem conseguiu denunciar o crime. Procurou a polícia e contou tudo, detalhe por detalhe. O relato foi tão convincente e grave que o juiz Marcelo Oliveira de Lima, da 1ª Vara de Crimes contra a Criança e Adolescente de Boa Vista, não titubeou: decretou a prisão preventiva do padrasto.
O homem, cuja identidade não foi revelada, agora responde por estupro de vulnerável. A pena para esse crime? Pode chegar a 15 anos de prisão. Pouco para o estrago causado, na opinião de qualquer pessoa com um mínimo de senso moral.
E agora? O que muda?
O caso joga uma luz crua sobre uma falha brutal no protocolo de proteção à criança. Como deixar uma vítima de maus-tratos sob a guarda de alguém que não era nem parente, sem qualquer tipo de avaliação psicossocial prévia?
Perguntas que ficam no ar, ecoando no vazio de um sistema que frequentemente falha com quem mais precisa. A menina foi colocada sob a proteção do estado, mas o trauma – esse vai durar uma vida inteira.
Enquanto isso, a Justiça tenta corrigir seus próprios erros. O padrasto atrás das grades e a menina longe daquele ambiente de horror. Um final? Longe disso. É só o começo de uma longa recuperação.