Os números são de cortar o coração. Só nos primeiros seis meses deste ano, o Centro Especializado de Atendimento à Mulher em João Pessoa já registrou mais de 240 casos de violência doméstica. Isso dá uma média assustadora de pelo menos um atendimento por dia útil — e olha que estamos falando apenas dos casos que chegam até as autoridades.
"É como enxugar gelo", comenta uma das atendentes que prefere não se identificar. "A cada mulher que conseguimos ajudar, parece que surgem duas novas vítimas." A frase, dura como a realidade, reflete um problema que teima em não desaparecer.
O perfil das vítimas
Dos casos registrados até junho:
- 78% envolvem agressões físicas
- 15% são de violência psicológica
- 7% incluem ameaças com armas
E aqui vai um dado que deveria fazer todos nós perdermos o sono: mais da metade das vítimas já havia sofrido agressões antes, mas só agora decidiu denunciar. Por quê? Medo, dependência financeira, ameaças... as razões são tantas quanto dolorosas.
O que está sendo feito?
A prefeitura — que parece finalmente ter acordado para o problema — anunciou a ampliação do horário de funcionamento do centro. Agora, as vítimas podem buscar ajuda até mesmo nos finais de semana. "Pouco", dirão alguns. "Melhor que nada", rebatem os otimistas.
Enquanto isso, nas ruas da capital paraibana, muitas mulheres ainda vivem com o coração na mão. Maria (nome fictício), de 34 anos, conta que só teve coragem de denunciar o ex-marido na quinta vez em que foi agredida. "Antes eu achava que ele ia mudar. Bobagem minha."
Os especialistas são unânimes: educação é a chave. Mas enquanto não chega a solução ideal, o jeito é apagar os incêndios — às vezes, literalmente.
