
Era uma terça-feira aparentemente comum em João Pessoa quando o pesadelo se tornou realidade. Por volta das 19h30, no bairro de Manaíra, uma influenciadora digital - que prefere manter sua identidade preservada - foi surpreendida por um ataque violento enquanto dirigia seu carro. Dois homens em uma moto, numa cena que infelizmente se repete com frequência alarmante neste país, efetuaram vários disparos contra o veículo.
Milagrosamente, ela sobreviveu. Mas o que vem depois do susto é talvez ainda mais aterrador.
«Eu já tinha previsto que algo horrível poderia acontecer», confessou a mulher, ainda visivelmente abalada, em entrevista exclusiva. «Dias antes, procurei a Justiça pedindo proteção. Apresentei prints das ameaças, expliquei todo o contexto... E me negaram o abrigo legal que precisei».
O sistema falhou quando mais importava
A decisão judicial - ou melhor, a falta dela - aconteceu numa audiência no dia 2 de setembro, apenas dois dias antes do atentado. A juíza Carla Tamara Ferreira, da 1ª Vara de Violência Doméstica de João Pessoa, avaliou o pedido e... Decidiu não conceder a medida protetiva.
Sim, você leu certo. Mesmo com evidências de ameaças anteriores, o sistema deixou essa mulher desprotegida. E quase custou sua vida.
«Ela afirmou que não havia motivo para pânico», relatou a influenciadora, com uma mistura de incredulidade e indignação. «Disse que as mensagens não configuravam risco iminente. Dois dias depois, quase fui assassinada».
Os detalhes que assustam
O ataque foi filmado por câmeras de segurança da região. As imagens mostram os dois suspeitos se aproximando da via onde a vítima transitava com seu Fiat Mobi branco. Os disparos foram precisos e numerosos - pelo menos oito, segundo testemunhas.
Como sobreviveu? Pura sorte, ou talvez o destino ainda tivesse planos para ela. Nenhum dos tiros a atingiu diretamente, mas o carco ficou destruído.
«Foi um milagre», disse ela, ainda tremendo ao lembrar dos momentos de terror. «Só pensava na minha filha, no meu filho... Quase os perdi para sempre».
E agora?
Após o atentado, a Polícia Militar foi acionada e registrou a ocorrência. O caso agora está nas mãos do DECCE - Departamento de Repressão a Crimes Contra a Pessoa, que assumiu as investigações.
Mas a pergunta que fica, e que ecoa nas redes sociais onde a vítima é conhecida, é: quantas mulheres precisam passar por isso antes que o sistema leve as ameaças a sério?
«Estou viva por acaso», desabafou. «E quantas outras não tiveram a mesma sorte?»
O caso expõe uma realidade cruel: mesmo com a Lei Maria da Penha, muitas mulheres ainda precisam lutar para serem ouvidas - e protegidas - antes que seja tarde demais.