Homem é detido após 12 anos de relacionamento abusivo: o fim de um ciclo de violência doméstica
Homem preso após 12 anos de violência doméstica no AM

Era uma daquelas manhãs abafadas típicas da região Norte quando a rotina de um bairro residencial em Manaus foi quebrada por sirenes. Não era um assalto, nem um acidente — era o desfecho de um drama que se arrastava há mais de uma década.

O sujeito, que vamos chamar apenas de "R." para preservar a identidade da vítima, tinha um currículo nada exemplar: 12 anos de relacionamento marcados por humilhações, ameaças e agressões físicas. A gota d'água? Uma briga na última terça-feira (9) que terminou com a companheira dele — finalmente — pegando o telefone e discando 190.

O que a polícia descobriu

Segundo o delegado responsável pelo caso, que preferiu não se identificar, a mulher chegou à delegacia com hematomas visíveis e um relato que dava calafrios. "Ela contou que o parceiro a agredia regularmente, mas que sempre prometia mudar. Dessa vez, ele quase a estrangulou durante uma discussão banal", revelou o policial, balançando a cabeça como quem já viu essa história repetida demais.

Os investigadores encontraram no apartamento do casal:

  • Objetos quebrados (incluindo um celular da vítima)
  • Roupas rasgadas
  • Mensagens ameaçadoras no WhatsApp

Não foi difícil conectar os pontos. O cara, é claro, negou tudo no interrogatório — "Foi sem querer", "Ela que provocou", o disco riscado de sempre. Mas o juiz não comprou a versão dele e decretou a prisão preventiva.

Por que demorou tanto?

Aí é que tá o xis da questão. A vítima, uma mulher de 37 anos que trabalha como auxiliar administrativa, confessou aos policiais que tinha medo de denunciar. "Ele dizia que se eu contasse pra alguém, ia me matar. E eu acreditava", desabafou, segundo o boletim de ocorrência.

Psicólogos que acompanham casos assim explicam que não é raro as vítimas levarem anos para reagir. "O agressor vai minando a autoestima da pessoa aos poucos, como um câncer silencioso", comenta Dra. Lúcia Mendes, especialista em violência de gênero. "Quando ela percebe, já se sente presa numa teia de dependência emocional e medo."

O caso serve de alerta: no Amazonas, só neste ano, mais de 3.000 ocorrências de violência doméstica foram registradas. E esses são só os números oficiais — a realidade, sabemos, é muito mais assustadora.