
O sertão cearense foi palco de uma cena de horror que parece saída de um romance nordestino, daqueles que machado de Assis não teria coragem de escrever. Nesta terça-feira (3), por volta das 14h, o pequeno município de Independência – ironicamente nomeado para um lugar onde a violência ainda escraviza – presenciou um crime que deixará marcas profundas na comunidade.
Era uma tarde aparentemente comum, daquelas em que o sol castiga tanto quanto a solidão. Mas a rotina foi quebrada por gritos que ecoaram pelas ruas de terra. Um homem, tomado por uma fúria que só quem perdeu a razão entende, investiu contra a própria prima usando como arma… uma foice. Sim, aquela ferramenta agrícola que deveria cortar plantas, não vidas humanas.
As testemunhas – e aqui me pergunto quantas almas traumatizadas presenciaram essa loucura – relataram à Polícia Militar que o agressor, de 38 anos, não poupou golpes. A vítima, uma mulher de 42 anos que compartilhava laços de sangue com seu algoz, tentou em vão se defender. Cada golpe da lâmina afiada era mais um capítulo dessa tragédia familiar.
O que levaria alguém a cometer tamanha barbárie? Briga familiar? Dívidas? Ciúmes? A polícia ainda investiga os motivos, mas uma coisa é certa: o temperamento humano é um vulcão adormecido que às vezes entra em erupção sem aviso.
Resgate heróico e prisão imediata
Enquanto a vítima sangrava no chão – a vida escapando por entre os cortes profundos –, alguém teve a presença de espírito de acionar o SAMU. Os paramédicos chegaram como anjos em meio ao caos e fizeram o possível para estabilizar a mulher. O transporte foi feito para o Hospital Regional de Tauá, onde ela permanece internada. Dizem que seu estado é grave, mas estável. Que alívio relativo…
O agressor, é claro, não ficou impune. A PM chegou rapidamente e – num daqueles raros momentos em que a justiça funciona com agilidade – prendeu o homem em flagrante delito. A arma do crime, aquela foice macabra, foi apreendida como prova. Agora ele responde por tentativa de homicídio, e algo me diz que a cela vai ficar pequena para sua consciência.
Casos como esse me fazem questionar: até que ponto conhecemos realmente aqueles que compartilham nosso sangue? A violência intrafamiliar é uma serpente que às vezes dorme no calor do lar e acorda com veneno mortal. Independência, hoje, não celebra independência alguma – está refém da memória desse crime horrível.
O que resta é torcer pela recuperação da vítima e pela justiça – não apenas a judicial, mas aquela que vem com reflexão e mudança. Porque no interior do Ceará, como em tantos cantos desse Brasil, a foice não deveria ser instrumento de morte, mas de sustento.