Feminicídios em SP disparam: especialista aponta falha na conscientização como causa principal
Feminicídios em SP: falta conscientização social, diz especialista

Os números não mentem — e, infelizmente, também não melhoram. São Paulo vive uma escalada preocupante de feminicídios, um problema que, segundo especialistas, está longe de ser resolvido com medidas paliativas. A advogada criminalista Ana Lúcia Mendes, com mais de 15 anos de atuação em casos de violência de gênero, não tem dúvidas: "Estamos falhando como sociedade."

Dados recentes mostram um aumento de quase 30% nos casos no primeiro semestre de 2025 comparado ao mesmo período do ano anterior. E o pior? A maioria das vítimas já havia registrado ocorrências contra seus agressores. "É um ciclo que se repete: ameaça, denúncia, arquivamento, tragédia", desabafa Mendes.

Conscientização: a vacina social que falta

Enquanto alguns estados brasileiros conseguem reduzir seus índices, São Paulo patina. "Não adianta só punir — precisamos prevenir", argumenta a especialista. Ela critica a falta de programas educacionais consistentes:

  • Escolas sem discussão sobre igualdade de gênero
  • Empresas que ignoram treinamentos obrigatórios
  • Mídia que banaliza a violência doméstica

E o resultado está aí: mulheres morrendo dentro de casa, nas mãos de quem jurou amá-las. Irônico, não? O lugar que deveria ser o mais seguro se tornou o mais perigoso.

O papel (falho) do Estado

As delegacias da mulher — quando existem — estão sobrecarregadas. Os abrigos, subfinanciados. "A lei Maria da Penha é ótima no papel, mas na prática...", suspira Mendes, deixando a frase inconclusa, como tantos casos que viu serem arquivados.

Para piorar, a cultura do "em briga de marido e mulher não se mete a colher" ainda persiste. Vizinhos ouvem gritos e fingem não escutar. Colegas de trabalho notam hematomas e mudam de assunto. Até quando?

A solução, segundo a advogada, exige uma mudança radical:

  1. Educação de gênero desde o ensino fundamental
  2. Capacitação contínua de policiais e juízes
  3. Campanhas de mídia que mostrem a realidade crua
  4. Participação ativa das empresas no combate

"Não é sobre criar guerra entre sexos", esclarece Mendes. "É sobre construir respeito." Simples assim. E urgente.