
Era pra ser um domingo qualquer. Mais um dia de tranquilidade em Marilândia do Sul, no Norte Pioneiro do Paraná. Mas o que aconteceu na Rua Rio de Janeiro por volta das 11h30 desta manhã vai deixar marcas permanentes na comunidade.
Um homem de 41 anos – que deveria estar longe, respeitando a medida protetiva que a Justiça concedeu à ex-mulher – decidiu que as regras não valiam para ele. Invadiu a casa da vítima, uma mulher de 42 anos, e ali mesmo, na frente dos próprios filhos, desferiu golpes de faca até ceifar sua vida.
Imagina a cena: o desespero das crianças, o pânico, a sensação de impotência. E tudo isso porque um homem não soube aceitar o fim de um relacionamento.
O sistema falhou. De novo.
Aqui está o ponto que mais dói: ela fez tudo certo. Procurou a Justiça, conseguiu a medida protetiva – aquela que deveria ser seu escudo, sua garantia de segurança. Mas papéis e ordens judiciais, sozinhos, não param lâminas.
Os policiais militares chegaram rápido, é verdade. Mas chegaram tarde demais. Encontraram a mulher já sem vida, e o assassino… bem, ele ainda estava no local. Não fugiu. Será que esperava que sua barbárie fosse justificada?
E as crianças?
O que me corta o coração – e deve cortar o de qualquer um – é pensar no que aquelas crianças testemunharam. Ver o próprio pai assassinar a mãe é uma cena de horror que vai marcar para sempre suas vidas. Quem vai apagar essas imagens?
O caso agora está nas mãos da Polícia Civil, que vai investigar cada detalhe deste crime que, vamos combinar, tem um nome bem específico: feminicídio. Não foi ‘crime passional’, termo que até tenta suavizar a brutalidade. Foi a eliminação deliberada de uma mulher por ser mulher.
Enquanto isso, a pergunta que não quer calar: quantas mais precisarão morrer antes que a proteção às mulheres vítimas de violência seja realmente efetiva? Medidas protetivas precisam vir acompanhadas de monitoramento, de ação rápida, de algo mais concreto.
Marilândia do Sul chora hoje. E o Brasil, mais uma vez, se pergunta quando vai aprender a proteger suas mulheres.