
Salvador está no centro de uma mobilização que não pode passar despercebida. A COPPA (Companhia de Polícia de Proteção Ambiental) decidiu usar o Agosto Lilás — mês dedicado ao enfrentamento da violência contra a mulher — para sacudir consciências. E não foi com discurso bonito no papel não. A ação, que rolou em pontos estratégicos da cidade, misturou informação e emoção pra cutucar quem ainda acha que "briga de casal" é problema privado.
De repente, quem passava pelo local via cenas que pareciam saídas de um pesadelo: atores reproduzindo situações de agressão, com direito a gritos, choros e aquele silêncio ensurdecedor que vem depois. "A gente quis mostrar a crueldade disfarçada atrás da porta de casa", explica uma das organizadoras, enquanto ajusta o laço lilás — símbolo da campanha — no uniforme.
Números que doem
Enquanto isso, outros agentes distribuíam folhetos com estatísticas que dão frio na espinha:
- A cada 7 minutos, uma mulher é agredida no Brasil
- 76% das vítimas conhecem o agressor
- Salvador ocupa o 3° lugar em feminicídios na Bahia
"Tem gente que ainda pergunta por que precisamos disso", comenta uma policial, rosto fechado. "É só olhar os dados. É só escutar o chão tremer quando a vizinha chora."
Além do laço lilás
A ação — que pegou muitos desprevenidos — não se limitou ao choque de realidade. Oficinas práticas ensinavam:
- Como reconhecer sinais de relacionamento abusivo
- Quais os canais de denúncia (inclusive os discretos)
- O passo a passo pra sair do ciclo de violência
E pra quem pensa que é "mimimi", um advogado presente na ação soltou a frase que ecoou: "Quando uma mulher morre, a sociedade inteira sangra. E esse sangue mancha todos nós."
A COPPA promete repetir a dose em outros bairros. Afinal, como diziam os cartazes: "Silêncio mata. Denuncie."