
Era supostamente um recomeço. Deixar para trás as sombras de um relacionamento conturbado e buscar um novo horizonte longe da violência. Mas o destino—ou a maldade humana—teve outros planos. Uma história que começou em Pernambuco terminou em sangue, e a justiça precisou cruzar meio país para ser feita.
Na tarde desta sexta-feira (5), a Polícia Civil de São Paulo prendeu em São Vicente, litoral paulista, um homem de 36 anos procurado pela morte brutal da ex-companheira. O crime—que tem aquele sabor amargo de tragédia anunciada—ocorreu no município de Carpina, Zona da Mata de Pernambuco, no último dia 18 de agosto.
E como tudo aconteceu? Segundo as investigações, que soam como um roteiro macabro, o casal já não vivia junto. Ela, tentando seguir em frente. Ele, não conformado com o fim. Não se sabe ao certo o teor da discussão que se iniciou naquele dia, mas o que se sabe é que ela terminou de forma irreversível.
Ele a estrangulou. Com as próprias mãos. Um ato final de controle e ódio que roubou a vida de uma mulher—e deixou uma família em luto.
A fuga para o sul e a captura
Após o crime, o acusado não ficou por lá esperando a polícia chegar. Pegou a estrada e rumou para o sudeste, achando que mais de 2,5 mil quilômetros de distância seriam suficientes para escapar. Errou feio.
Uma força-tarefa entre as polícias de Pernambuco e de São Paulo rastreou seus passos até São Vicente. Ele estava escondido na casa de um familiar, tentando passar despercebido. Mas a lei é paciente—e teimosa.
“A gente recebeu a informação da localização dele através de um trabalho investigativo muito intenso”, contou um delegado envolvido na operação, que preferiu não se identificar. “A prisão foi tranquila. Ele não resistiu.”
O homem foi levado para a delegacia local e agora aguarda os trâmites de homologação da prisão e possível extradição para Pernambuco. Lá, responderá por feminicídio—uma palavra forte para um crime que, infelizmente, ainda é tão comum.
Não é apenas mais um caso
O que choca—além da brutalidade do método—é a frieza. Como alguém pode tirar a vida de outra pessoa e depois simplesmente... mudar de cidade? Como se nada tivesse acontecido?
Esse caso escancara, de novo, a violência que muitas mulheres enfrentam mesmo após o término de um relacionamento. O perigo, muitas vezes, não acaba quando a relação termina. Às vezes, só começa.
E a pergunta que fica, ecoando sem resposta, é: quantas mais precisarão morrer para que a sociedade leve a sério a proteção das vítimas antes que a tragédia aconteça—e não depois?