Técnico de enfermagem é condenado por estupro de pacientes em hospital psiquiátrico no interior de SP
Técnico condenado por estupro em hospital psiquiátrico

Um pesadelo que se arrastou por meses dentro de um hospital psiquiátrico no interior paulista finalmente teve seu desfecho judicial. Na última terça-feira (29), um técnico de enfermagem — aquele que deveria ser porto seguro para pacientes em crise — recebeu uma sentença de 22 anos de prisão por crimes que beiram o inacreditável.

Três mulheres, todas em situação de vulnerabilidade extrema, foram vítimas desse profissional que transformou plantões noturnos em oportunidades para satisfazer desejos doentios. Os abusos ocorreram entre 2021 e 2022, segundo apurou a Justiça, sempre seguindo o mesmo modus operandi: ele escolhia pacientes com transtornos mentais graves, incapazes de reagir ou denunciar.

O silêncio quebrado

Ninguém notou? Ninguém desconfiou? Difícil acreditar, mas foi exatamente isso que aconteceu — até que uma das sobreviventes, em raro momento de lucidez, conseguiu relatar o horror a uma assistente social. "Ela tremia como varinha de condão", lembra a profissional, que preferiu não se identificar.

As investigações revelaram detalhes que dão arrepios:

  • O agressor usava seu crachá como "passe livre" para entrar em quartos isolados
  • Selecionava vítimas com diagnósticos de esquizofrenia e depressão severa
  • Marcava encontros em banheiros adaptados, onde sabia que não havia câmeras

Falhas sistêmicas

O caso — que lembra muito aquela série da Netflix que todo mundo comentou ano passado — escancara problemas crônicos em instituições de saúde mental. "É inaceitável que profissionais como esse consigam agir impunemente", dispara o promotor responsável pelo caso, enquanto ajusta os óculos com raiva contida.

O hospital, que teve seu nome preservado para não identificar as vítimas, agora enfrenta ação civil por negligência. Afinal, como um funcionário conseguiu burlar protocolos tantas vezes? Pergunta que vale milhões em indenizações.

A sentença, considerada exemplar por especialistas, inclui:

  1. 16 anos por estupro de vulnerável (cada caso)
  2. 6 anos por assédio sexual continuado
  3. Perda do direito de exercer qualquer função na área da saúde

Enquanto isso, familiares das vítimas tentam reconstruir vidas destroçadas. "Minha filha tinha 19 anos quando entrou lá para tratar depressão. Saiu com trauma pior que a doença", desabafa uma mãe, cujo nome também não pode ser revelado.