Mauro Cid e o golpe que não se compara ao pão de Jean Valjean: entenda a trama
Golpe de Mauro Cid: menos dramático que Jean Valjean

Não é todo dia que um caso político lembra os clássicos da literatura — e ainda bem, porque se fosse, estaríamos em um romance bem mais sombrio que o de Victor Hugo. Dessa vez, o protagonista é Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e sua tentativa de enganar a Justiça com um estratagema que, convenhamos, não tem a grandeza trágica do pão roubado por Jean Valjean.

O que aconteceu? Bom, a história é mais complexa do que parece à primeira vista. Cid, que já está envolvido em investigações sobre supostas irregularidades, tentou uma manobra que beira o surreal: alegou que um depoimento seu havia sido "manipulado" por autoridades. Só que, ao contrário do herói de Os Miseráveis, ele não estava lutando pela sobrevivência, mas sim tentando escapar de um possível processo.

Os detalhes que fazem a diferença

Enquanto Valjean roubou um pão para alimentar a família, Cid — segundo as investigações — estaria envolvido em esquemas bem menos nobres. A comparação pode até parecer exagerada, mas serve para ilustrar o abismo entre as motivações. De um lado, a miséria humana; do outro, a ganância pelo poder.

E olha que a estratégia não foi das mais criativas: alegar que um vídeo foi editado para prejudicá-lo. Será que alguém acreditou nisso? A Justiça, pelo menos, não parece ter comprado a ideia. Afinal, em tempos de deepfakes e inteligência artificial, até um leigo sabe que existem meios mais sofisticados de manipular provas.

O que dizem os especialistas

Conversamos com um advogado criminalista (que preferiu não se identificar) para entender o tamanho do buraco. "É uma defesa frágil, para dizer o mínimo", comentou. "Quando você não tem argumentos, qualquer explicação serve — mas o juiz não é o inspector Javert para perseguir alguém sem provas."

E aí está o ponto: enquanto Javert perseguia Valjean por anos, movido por uma obsessão quase patológica, as acusações contra Cid têm base em documentos, gravações e testemunhos. Nada de dramas shakespearianos — só a burocracia fria do sistema judicial.

E agora, José?

O que esperar dos próximos capítulos? Difícil dizer. Se a história fosse um livro, talvez Cid ainda tentasse algum reviravolta no último ato. Mas a vida real não tem roteiristas, e as consequências costumam ser bem menos poéticas.

Uma coisa é certa: enquanto Jean Valjean terminou seus dias como um homem redimido, os personagens dessa trama ainda terão muitas páginas pela frente — e duvido que alguma delas inspire um musical de sucesso.