
Era para ser mais um dia comum em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, mas o que aconteceu na última semana deixou a comunidade em estado de choque. Um homem, preso sob a forte suspeita de cometer crimes sexuais contra duas adolescentes — uma de apenas 14 anos —, caminhou livremente para fora da cadeia depois de meros dois dias atrás das grades.
Sim, você leu certo. Dois dias.
A prisão dele, na última segunda-feira, parecia um alívio. Finalmente, uma resposta à dor dessas jovens e de suas famílias. A Polícia Civil agiu, cumpriu seu papel. Mas aí… o sistema judiciário entrou em cena. E tudo mudou.
O que levou à soltura?
Um habeas corpus. Essa foi a ferramenta jurídica que um advogado conseguiu manejar com sucesso. A decisão, vinda de um desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), basicamente argumentou que a prisão preventiva — aquela que deveria mantê-lo longe das ruas enquanto o caso é investigado — não era, digamos, "necessária" no momento.
Parece absurdo? Para muitos, é. A gente se pergunta: que mensagem isso passa? Que tipo de sinal estamos mandando para possíveis criminosos e, o mais importante, para as vítimas que têm coragem de denunciar?
O pano de fundo é sombrio. As investigações apontam que o suspeito não agiu sozinho. Há indícios de que ele fazia parte de um grupo que aliciava garotas através de redes sociais — um perigo moderno e assustadoramente comum. Ele era, nas palavras de um delegado, o "recrutador".
O silêncio que grita
Aqui está um detalhe crucial: o suspeito optou pelo direito de ficar calado durante o interrogatório. Nada de confessar, nada de negar. Apenas silêncio. Enquanto isso, as vítimas e suas famílias tentam reconstruir pedaços de uma segurança que lhes foi roubada.
E aí a gente pensa: cadê a proteção? Cadê o amparo que a sociedade deveria oferecer a quem mais precisa? A sensação de impunidade é um fantasma que assombra não só Contagem, mas todo o país.
O caso segue sob investigação, é claro. A Polícia Civil garante que continua apurando todos os fatos e que não medirá esforços. Mas a soltura precoce do principal suspeito joga uma cortina de fumaça sobre todo o processo. É um balde de água fria na confiança da população.
Enquanto a lei se desenrola em seu ritmo próprio — muitas vezes incompreensível para o cidadão comum —, duas adolescentes e suas famílias carregam um peso que nenhuma decis judicial pode aliviar. A pergunta que fica, ecoando nas ruas e nas conversas de bar, é uma só: até quando?