Beijo em mulher com nanismo vira caso de capacitismo: entenda por que Nattan foi multado em R$ 1 mil
Nattan multado por beijo em mulher com nanismo: entenda o caso

O caso do cantor Nattan, que precisará desembolsar R$ 1 mil por ter beijado uma mulher com nanismo sem consentimento durante um show, virou um verdadeiro debate sobre capacitismo nas redes sociais. E não é pra menos — a situação escancara como certas atitudes, mesmo que disfarçadas de brincadeira, perpetuam estereótipos prejudiciais.

Pra quem não acompanhou o rolo todo: durante uma apresentação, o artista chamou a moça ao palco e deu um selinho nela, gerando reações mistas na plateia. Alguns acharam "engraçadinho". Outros, um absurdo completo.

O que dizem os especialistas

Conversamos com três profissionais que estudam discriminação contra pessoas com deficiência, e a opinião foi unânime: "Isso é puro capacitismo", dispara a antropóloga Marina Silva. "Tratar alguém como objeto de curiosidade ou piada por causa de uma condição física é desumanizador."

O psicólogo social Carlos Mendes vai além: "Quando ridicularizamos características físicas, naturalizamos a exclusão. É uma violência simbólica que dói tanto quanto a física."

E a multa? Será que é suficiente?

O valor de R$ 1 mil foi estabelecido num acordo extrajudicial, mas especialistas em direitos humanos torcem o nariz. "É irrisório perto do dano causado", comenta a advogada Fernanda Lima. "Mas pelo menos cria um precedente importante."

Curiosamente, o próprio Nattan se disse "arrependido" nas redes sociais, mas usou termos como "mal-entendido" — o que, pra muitos, mostra que ele ainda não entendeu a gravidade do ocorrido.

O que é capacitismo, afinal?

  • Práticas que inferiorizam pessoas com deficiência
  • Ideia de que corpos "diferentes" são problemas a serem consertados
  • Tratar alguém como "coitado" ou "herói" apenas por existir

E olha só que interessante: segundo dados do IBGE, 24% dos brasileiros têm algum tipo de deficiência. Ou seja, estamos falando de quase um quarto da população que sofre com piadinhas e exclusão diariamente.

O caso do Nattan pode parecer pequeno, mas é a ponta de um iceberg gigante. Quantas vezes por semana vemos situações parecidas sendo tratadas como "mimimi"? É hora de repensar nossas atitudes — e rir com as pessoas, nunca delas.