
Era uma daquelas situações que você até sabe que existem, mas nunca imagina encontrar na casa ao lado. Uma senhora, sozinha, lutando contra um hábito silencioso e perigoso: a acumulação compulsiva. Aos 72 anos, ela vivia cercada por entulho, objetos empilhados e condições insalubres — um risco iminente à sua integridade física e emocional.
Mas eis que, em um daqueles gestos que restauram a fé na humanidade, o influenciador digital Matheus Bueno decidiu agir. Não com discursos vazios ou posts de engajamento fácil, mas com as mãos na massa — literalmente. Ele organizou um mutirão que reuniu mais de vinte voluntários dispostos a enfrentar a sujeira e a desordem.
Uma cena de partir o coração — e transformar
Quem chegou ao local no último sábado (30) mal conseguia acreditar. Roupas velhas, móveis quebrados, pacotes, garrafas… uma verdadeira montanha de coisas inúteis tomando conta de cada canto. O cheiro era forte, e o ambiente, absolutamente inseguro. Dava medo até de pisar.
— A gente não tá aqui só pra limpar, mas pra devolver a dignidade — disse Matheus, suando a camisa, enquanto carregava sacos de lixo para a caçamba.
Além da faxina: um trabalho de apoio emocional
Limpar uma casa assim não é só jogar coisas fora. É delicado. É entender que por trás daquela pilha de objetos há uma história, uma dor, muitas vezes solidão. A equipe do Projeto Acolher, especializada em apoio psicológico, esteve presente durante toda a ação.
— A acumulação é um transtorno. Precisa de tratamento, não de julgamento — explicou uma das voluntárias, entre um abraço e uma palavra de conforto na moradora.
Foram retiradas mais de três toneladas de resíduos
Sim, você leu certo: três toneladas. Dá pra imaginar? Duas caçambas foram totalmente preenchidas com itens acumulados ao longo de anos. Desde papéis velhos até eletrodomésticos quebrados. Tudo foi separado — o que poderia ser reciclado seguiu um destino, o restante, outro.
E não parou por aí: a casa recebeu reparos elétricos, pintura nova e até móveis doados por apoiadores da ação. De lugar insalubre a um lar verdadeiramente habitável — em um final de semana.
O que motiva um influenciador a fazer algo assim?
Matheus, que tem milhares de seguidores nas redes, contou que a ideia surgiu após receber um pedido de ajuda anônimo. Ele nem hesitou:
— Às vezes a gente fica preso em números, algoritmos, métricas… mas esquece do básico: gente cuidando de gente.
E finalizou, já ao final do dia, com a voz cansada mas feliz:
— Isso aqui não é conteúdo, é humanidade.
Várias outras famílias na região já pediram ajuda semelhante. A equipe agora estuda como ampliar a iniciativa — porque, no fim das contas, ninguém deveria viver assim.