
Os números chegam a doer na alma. Minas Gerais, nosso estado de gente forte e coração grande, aparece numa posição que envergonha qualquer mineiro: o terceiro lugar no ranking nacional de violência contra crianças e adolescentes. Os dados são do Ministério dos Direitos Humanos e cobrem o ano passado – e olha, a situação é feia de ver.
Pensar que mais de 6.700 casos foram notificados só aqui em terras mineiras... Isso dá uma média assustadora de 18 ocorrências por dia. Todo. Santo. Dia. E o pior? A gente sabe que muitos casos ficam nas sombras, sem denúncia, sem registro. A subnotificação é uma realidade cruel.
Os números que ninguém quer ver
O Disque 100, aquele canal de denúncias que todo mundo conhece mas nem sempre usa, registrou um total nacional de 95 mil notificações. Minas responde sozinha por 7% desse total absurdo. Só perde para São Paulo e Bahia – mas convenhamos, em ranking assim, ninguém quer estar no pódio.
As meninas são as maiores vítimas, representando 62% dos casos. E a violência sexual? Essa é de cortar o coração: aparece como a segunda mais frequente, atrás apenas da negligência. Como é que a gente pode fechar os olhos para isso?
Não é só número, é vida
Por trás de cada estatística, tem uma criança com nome, sobrenome e sonhos interrompidos. A maioria das vítimas tem entre 10 e 14 anos – justamente a fase de descobrir o mundo. E os agressores? Quase sempre estão dentro de casa: pais, mães, padrastos... Pessoas que deveriam proteger.
O governo federal lançou uma campanha ano passado, "Proteger é Cuidar de Quem Precisa", mas parece que a mensagem não chegou onde devia. Ou chegou e ignoraram. É frustrante.
E agora? Para onde correr?
O Conselho Tutelar ainda é o principal canal de proteção, responsável por 37% das notificações. Escolas e saúde pública aparecem em seguida – o que mostra que os profissionais dessas áreas estão pelo menos tentando acender a sirene de alerta.
Mas a pergunta que fica é: será que estamos fazendo o suficiente? Porque denunciar é importante, mas prevenir é melhor ainda. E isso exige uma mudança cultural, um trabalho de formiguinha que começa em cada família, cada comunidade.
Minas Gerais precisa acordar para essa realidade. Não dá mais para fingir que não é conosco. Porque é, sim. E cada um de nós pode – e deve – fazer alguma coisa.