
Não é todo dia que uma delegada se emociona durante o trabalho, mas o caso das irmãs resgatadas nesta quinta-feira (18) em Porto Alegre mexeu até com os policiais mais cascudos. Imagine só: duas senhoras, uma de 78 e outra de 82 anos, vivendo num apartamento imundo, tão fracas que mal conseguiam se levantar — e comendo ração de gato para sobreviver.
A delegada Carla Mendes, que coordenou a operação, contou que nunca tinha visto nada parecido em seus 15 anos de carreira. "Quando entramos no apartamento, o cheiro era insuportável. E o pior: a geladeira estava vazia, só encontrando pacotes de ração felina já abertos", revelou, com a voz ainda embargada.
Como tudo começou
Tudo começou com uma denúncia anônima — dessas que a gente torce para ser exagero, mas que infelizmente se mostrou verdadeira. Vizinhos estranhavam o silêncio incomum no apartamento e o fato de ninguém responder às campainhas há semanas.
Os policiais chegaram a pensar que encontrariam corpos, mas a surpresa foi maior ao achar as irmãs vivas, porém em estado lastimável:
- Pesando menos de 40 kg cada
- Com sinais claros de desidratação
- Roupas sujas e rasgadas
- Marcas de escaras por ficarem muito tempo deitadas
O apartamento, segundo relatos, parecia ter sido abandonado há anos — móveis quebrados, paredes mofadas e um silêncio pesado que só era quebrado pelo gemido fraco das idosas.
Quem eram essas mulheres?
Aqui a história fica ainda mais triste. As irmãs, que vamos chamar de Dona Maria e Dona Ana (para preservar a identidade), eram conhecidas no bairro como pessoas educadas e discretas. Viúvas há mais de década, viviam de pensões modestas que, pelo visto, não chegavam para o básico.
O mais intrigante: elas tinham familiares na cidade — um sobrinho que, segundo os vizinhos, "sumiu" há cerca de um ano. A polícia já está atrás dele para esclarecer por que diabos abandonou as tias nessa situação.
Enquanto isso, as idosas foram encaminhadas para o Hospital Cristo Redentor. Os médicos disseram que vão levar semanas, talvez meses, para recuperarem o peso e a saúde. Mas o trauma psicológico? Esse pode ser permanente.
E você aí reclamando do almoço de ontem... Faz a gente pensar: quantos casos assim estarão acontecendo agora mesmo, escondidos atrás de portas fechadas? A delegada Carla foi enfática: "Isso não é abandono, é tortura. E vamos tratar como tal". Palavras duras, mas necessárias.