
A madrugada de domingo em Barreiros, aquela pacata cidade do litoral sul de Pernambuco, foi rasgada por uma cena de barbárie que vai marcar a memória dos moradores. Por volta das 3h30, o que deveria ser silêncio se transformou em pesadelo. Um homem, cuja identidade ainda é um ponto de interrogação para as autoridades, foi brutalmente assassinado. E o instrumento do crime? Algo tão banal e urbano quanto um paralelepípedo.
Segundo informações que correm soltas no Departamento de Homicídios, a vítima – um homem em situação de rua – estava próximo ao antigo terminal rodoviário, um local conhecido por ser ponto de concentração dessa população tão vulnerável. Testemunhas, ainda sob o choque do que presenciaram, contaram à polícia uma história de violência gratuita e perturbadora. Tudo teria começado com uma discussão, daquelas que ninguém sabe ao certo a origem, mas que rapidamente escalou para o inacreditável.
O ápice da brutalidade foi quando o agressor, num acesso de fúria que beira o incompreensível, pegou uma pedra de paralelepípedo solta no calçamento. E desferiu não um, mas vários golpes contra o homem, que não teve a menor chance de defesa. A frieza do ato é de cortar o coração. Imaginar alguém usando algo do próprio chão da cidade para ceifar uma vida... é de uma crueza sem tamanho.
Corrida contra o tempo que já começou atrasada
O Samu foi acionado, é claro. Mas quando a equipe médica chegou ao local, por volta das 4h da manhã, só restava confirmar o óbito. A cena era de devastação. O corpo da vítima ainda estava na Rua Antônio de Pádua Lemos, no bairro da Brasília, um cenário que contrasta violentamente com a violência do ocorrido. A perícia técnica do Instituto de Criminalística (IC) passou a manhã no local, catando cada fragmento de evidência, tentando reconstruir os últimos e terríveis momentos daquela vida.
E agora, o que sobra? A investigação. A Polícia Civil assumiu o caso e já está no encalço do suspeito. As pistas iniciais apontam para um homem – também em situação de rua, pasmem – que fugiu do local antes que a polícia pudesse chegar. Será que uma rixa entre pessoas que dividem a mesma condição de extrema vulnerabilidade foi o estopim para tamanha tragédia? É uma possibilidade que está sendo investigada com afinco.
Uma ferida aberta na sociedade
Esse caso vai muito além de um simples homicídio. Ele expõe, de forma crua e dolorosa, a invisibilidade e o abandono que cercam a população de rua. São vidas que, para muitos, parecem não importar. E quando a violência explode entre eles mesmos, a sensação é de um fracasso social colossal. Barreiros, hoje, não lida apenas com um crime. Lida com um espelho que reflete uma chaga nacional.
O delegado plantonista, que atendeu a ocorrência, confirmou que o homem foi atingido na cabeça – e os ferimentos, obviamente, eram incompatíveis com a vida. O IML removeu o corpo para os procedimentos de praxe e para a tão aguardada identificação oficial. Enquanto isso, a pergunta que fica, ecoando pelas ruas da cidade, é: até quando? Até quando histórias como essa vão se repetir?